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Terça - 18 de Fevereiro de 2014 às 06:55
Por: Lourembergue Alves

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Dividir é um verbo de uso bastante comum no tablado da política. Mas apenas como componente de um discurso, jamais como prática, nem como ação. Ainda mais se o tal agir deve se dar no palanque, onde os atores brigam pelo mesmo cargo. Aliás, em uma de suas conversas com os políticos da terra, em recente viagem por Lucas e Sinop, Dilma Rousseff foi clara: não deseja dividir o palanque regional com outros candidatos à presidência da República, especialmente com o Eduardo Campos e o Aécio Neves. Exigência já esperada, defendida pelo próprio PT, e que descarta de vez a presença da presidente no palanque do Pedro Taques que, no Estado, se opõe aos governos estadual e federal.

Esta exigência da presidente, por outro lado, também leva os partidos situacionistas a decidirem por uma única candidatura a disputa pela cadeira central do Palácio Paiaguás. E, aqui, surge o primeiro grande problema. Pois não se trata de uma decisão fácil. Isso em razão dos interesses regionais, partidários e coronelísticos. Interesses que, na verdade, são as causas de aproximações e, igualmente, de divisões. O PT e o PMDB trabalham pelo candidato “A”, enquanto o PSD pelo “B” e o PR pelo “C”.

Situação bem capaz de resultar em insatisfações. Insatisfações que podem favorecer o grupo oposicionista. Aliás, em 1994, a candidatura Dante de Oliveira (PDT) se fortaleceu bem mais em razão das divisões dentro da ala governista que, depois de muitos parigatos internos e de rasteiras de uns contra os outros, se optou pela indicação de Osvaldo Sobrinho (PTB) para a disputa a sucessão do Jayme Campos (PFL).

Naquela disputa, o tucano Fernando Henrique Cardoso, candidato à presidência, era cobrado a estar no palanque governista e no da oposição. Isso se justificava. Pois o PSDB/MT apoiava o Dante de Oliveira e o PFL, que fazia parceria com o peessedebista na disputa pela presidência, engrossava o grupo de apoiadores do vice-governador Osvaldo Sobrinho, constituído do PTB, PFL, PP, PPR, PL e o PRN.

A coligação do Dante de Oliveira era formada por dez partidos, entre os quais cinco contavam com candidaturas ao governo federal. São eles: Leonel Brizola (PDT), Quércia (PMDB), Lula da Silva (PT), Hernani Fortuna (PSC) e Fernando Henrique (PSDB).

O palanque dividido não dificultou a vitória do Dante de Oliveira ao governo do Estado, e, tampouco, a do tucano à presidência da República. Este venceu também em Mato Grosso, muito embora, segundo o noticiário local da época, tenha se pronunciado favorável ao candidato petebista, Osvaldo Sobrinho, até por conta do PFL.

Mas, hoje, a divisão do palanque pode comprometer a candidatura Dilma em Mato Grosso. Sobretudo quando se sabe que o PT, em disputa pela presidência do país, só saiu vitorioso, por aqui, em 2002. Faz sentido, então, a exigência da presidente-candidata.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


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