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Sexta - 14 de Fevereiro de 2014 às 07:13
Por: Lourembergue Alves

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Todo governante, independentemente de sua esfera, procura deixar a sua marca no governo. Marca, nesse caso, é uma espécie de identidade política da gestão. Identidade, estranhamente, que falta a administração Dilma Rousseff. Ausência, aliás, registrada por uma pesquisa qualitativa. O que complicou a atuação da equipe de marketing que, inicialmente pensou no mote Copa do Mundo, mas as movimentações dos dias de junho de 2013 fizeram-na mudar para o programa “Mais Médicos”, para “Minha Casa Minha Vida” e, por fim, para o Pronatec, voltado ao ensino técnico. Nenhum destes, entretanto, realça a “cara” da atual gestão.

“Situação complicada”, diria o (e) leitor mais atento; “nem tanto”, ponderaria o segundo, igualmente cuidadoso, “em razão da falta de habilidade das oposições”, completaria em seguida, logo acompanhado por um terceiro, quarto e, enfim, por vários outros, entre eles eleitores-torcedores.

Os eleitores-torcedores, na verdade, fazem vistas grossas a fragilidade e a inabilidade dos seus escolhidos, os quais – no dizer daqueles - estão longe de cometerem desacertos, e, assim, seria absurdo alguém “não reconhecer a cara do atual governo”. Então, “mostrem a tal marca”, balbuciaria provocativamente um rapaz que, até então, parecia estar ligado apenas ao som saído do celular, última geração, pendurado ao próprio pescoço. Na ausência da resposta devida, pois a dita cuja inexiste, o primeiro (e) leitor, ironicamente, indagaria: “não seria a continuidade do governo anterior”?

“Continuidade”, neste caso, cabe lembrar, é o mesmo que “dar a mão a palmatória”, e confirmar aquilo que nem de longe se quer admitir, a menos que se valha do malabarismo de palavras, cujo pano de fundo é a “manutenção” das conquistas passadas, a exemplo do “assistencialismo, o crédito para aquisição da casa própria, o aumento do consumo e o incremento das matrículas no ensino superior”. É isso, continuar e manter, realmente, o que pretende trabalhar a equipe de marketing da presidente-candidata – replay da campanha de 2010, à época justificável.

Estratégia válida, e, possivelmente, surtirá o efeito desejado. Aliás, já está fazendo. Mas a dita estratégia não elimina a certeza de que se tem: o atual governo não tem identidade, nem marca e muito menos cara. Para complicar bem mais: a inflação continua a crescer, a economia tem um crescimento pífio e a insegurança ultrapassa o limite suportável, seguida do triste quadro do transporte urbano, saúde e educação públicas.

Cenário favorável às oposições. Mas estas continuam escorregando na “casca de banana” e mergulhadas na ressaca de um carnaval de suas próprias incompetências e falta de habilidades.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


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