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Segunda - 20 de Janeiro de 2014 às 20:08
Por: Lourembergue Alves

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Desde 2002, e mais ainda com o falecimento de sua maior liderança (2006), o PSDB/MT vem colecionando insucessos contínuos, mesmo tendo representação na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. Insucessos que o transformaram de grande partido regional em uma sigla de pequeno porte, quase sem poder de barganha algum. Condição que obriga, hoje, os tucanos mato-grossenses a buscarem parcerias, e, entre estas, as do PDT, PSB, PPS, PV e do DEM, em um processo de ampliação e reestruturação da aliança “MT Muito Mais”, com vistas ao fortalecimento da candidatura Pedro Taques ao governo do Estado. Tudo, até aqui, parecia correr bem. Tanto que as divergências internas – provocadas pelos interesses da indicação do candidato a vice – pareciam não ser capazes de afastar os tucanos dos pedetistas e socialistas.

O impedimento, no entanto, vem da cúpula nacional peessedebista. Em recente entrevista, aliás, o senador e presidente do PSDB, Aécio Neves, foi categórico: nos Estados, onde o partido não tenha candidato próprio, todos os acordos ou alianças regionais deverão ser homologados pela direção nacional. Determinação que, aliás, está prevista no estatuto do partido. Isso para que os entendimentos estaduais não colidam com a candidatura da agremiação à presidência da República. Determinação necessária - a despeito das peculiaridades regionais que, muitas vezes, se contrapõem aos interesses nacionais – até para impedir a aproximação do PSDB/MT, por exemplo, com partidos pertencentes ao arco de alianças da presidente Dilma Rousseff (PT).

O PDT, pelo menos até agora, faz parte da base governista, mesmo com o senador Pedro Taques a fazer críticas pontuais à gestão Dilma. Estas críticas do senador e declarado postulante ao governo mato-grossense, no entanto, não fazem do PDT um partido de oposição, nem qualquer outro que tenha um filiado-parlamentar a se posicionar contrário ao governo – vale dizer.

Afinal, a sigla pedetista se encontra à frente do Ministério do Trabalho e Emprego, com Manoel Dias – um pedetista-fundador. E isso, dentro do critério lembrado pelo neto de Tancredo Neves, constitui em impedimento real dos tucanos mato-grossenses se aliarem ao grupo político liderado pelos pedetistas. A menos que, no final deste mês ou início de fevereiro, com a chamada “reforma ministerial”, o PDT resolva ficar de fora do governo petista. O que é bastante difícil, pois a presidente e candidata a reeleição trabalha diuturnamente para trazer bem junto de si uma grande quantidade de partidos, entre os quais o seu ex-partido, fundado por Leonel Brizola, com o fim de ampliar o número de palanques nos Estados e, principalmente, garantir o maior tempo possível na propaganda eleitoral de TV e de rádio.

As pastas, desse modo, passaram e continuam a ser mercadorias, cuja contra partida é o apoio e os segundos do horário político dos partidos, e estes, por sua vez, chantageiam o governo porque querem verbas, com o fim de usá-las a seu favor nos Estados, e convencer fornecedores do governo, potencialmente financiadores de campanha.

Tem-se, portanto, uma teia de compromissos e de favores. Teia, cujos tentáculos ultrapassam as fronteiras ideológicas – se é que estas ainda existem – e necessidades da população, pois os interesses de poder – não deveriam - se sobrepõem aos da sociedade. Parte daqui as alianças. Não seriam diferentes os traços de união entre PDT, PPS, PV, PTB, PSB, DEM e o PSDB. Resta saber se a determinação nacional do PSDB será cumprida pelos tucanos de Mato Grosso.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.



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