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Domingo - 01 de Dezembro de 2013 às 21:26
Por: Lourembergue Alves

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É necessária a construção de palanques nos Estados. Isso é imperativo. Mesmo assim, a disputa eleitoral na região se dá quase descasada da nacional. Até porque apresenta particularidades diferentes. E estas se devem aos interesses das lideranças locais e das próprias necessidades do lugar. O que choca com os interesses das cúpulas nacionais das agremiações – bem mais preocupadas com a eleição nacional, e é, aliás, por conta desta, que as tais cúpulas se voltam para o embate político regional.

Situação, muitas vezes, complicada. Isso em razão do confronto entre os líderes estaduais com as lideranças nacionais, dentro de uma mesma agremiação partidária. Tal confronto, bastante freqüente, e que pode provocar o enfraquecimento da candidatura nacional, sem, contudo, levá-la a derrota.

Assim, em Mato Grosso, por exemplo, de modo algum se pode atribuir ao dito confronto as derrotas eleitorais do Lula da Silva e da Dilma Rousseff. Poderia isto sim, atribuí-las a falta de planejamento e de organização das referidas campanhas no Estado. Ausências que se somam aos resultados do embate de interesses dos coronéis locais, que sempre influencia no destino do voto da imensa maioria do eleitorado mato-grossense.

A disputa regional é impulsionada quase sempre pelas coisas do Estado. Explica, portanto, o porquê os líderes nacionais não exercem grandes influências nas negociações político-eleitorais da região. Isso está longe de ser um privilégio tão somente de Mato Grosso.

Recentemente, no entanto, o Aécio Neves e o Eduardo Campos, adversários na disputa pela presidência da República, se articulam com o fim de evitarem a briga eleitoral nos Estados entre o PSDB e o PSB. Estes dois partidos, de acordo com o noticiário, pareciam seguir juntos em dez unidades da federação. Agora, com a filiação da Marina Silva na sigla socialista, essa articulação foi desfeita até mesmo em São Paulo, restringindo-se apenas em Pernambuco e em Minas Gerais. Isso porque o neto de Tancredo Neves quer o apoio do PSB para o seu candidato na disputa pelo governo mineiro, enquanto o Eduardo Campos busca garantias de que os tucanos não lançarão um nome competitivo contra o seu indicado em Pernambuco.

Esse acordo - cabe observar - em nada muda suas posições no jogo que se desenrola no tablado nacional. Neste, o tucano e o socialista batem cabeças um contra o outro, demonstram falta de traquejo e pouca astúcia no que tange a conquista de votos - daí os seus distanciamentos da presidente-candidata. Embora, valem dizer, eles vêm conquistando parcerias, com ligeira vantagem ao representante do PSDB. Ainda que este tenha deixado escapar por entre os dedos um velho aliado, o PPS, o qual parece tender para o lado do PSB nas eleições de 2014.

O triste desse quadro, contudo, é perceber que os políticos se juntam tão somente por interesses individuais, particulares e grupais. Esse ajuntamento, chamado de coligação e/ou de aliança, nada tem a ver com ideologia, com laços partidários comuns ou com as necessidades da população. Mas, isto sim, com as vontades individuais de cada um deles – independente da sua sigla – em melhor usufruir das benesses do poder de mando. Isso é assim tanto no âmbito nacional quanto no regional. Daí a inexistência de programas comuns, de projeto alternativo de governo.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


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