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Geral
Domingo - 24 de Janeiro de 2016 às 18:14
Por: Lourembergue Alves

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O jornal A Gazeta, em tão boa hora, traz uma enquete sobre a vaga exclusiva para idosos e deficientes, cuja infração será considerada gravíssima e a multa poderá ser de R$ 127,69.

A participação dos internautas foi, e é muitíssimo boa, como sempre em todas as enquetes tocadas pelo grupo. De todos os participantes, vale a pena repetir, 83% deles aprovam as penalidades, enquanto 17% as desaprovam completamente. Estes dados são importantes. Relevantes para quaisquer discussões em torno do comportamento e do respeito com relação às regras e às normas.


Nesse sentido, cabe reafirmar: bastante significativo o número dos que aprovam, porém o índice dos que reprovam é preocupante. Revelador. Traz à luz, por tabela, o quadro do trânsito cuiabano, onde é grande a lista dos que não estão nem aí para a legislação. Eles furam o sinal, desrespeitam o direito de outrem e, principalmente, ignoram por completo as faixas de pedestres. Retrato muitíssimo diferente do que se vê, lê ou ouve sobre algumas poucas cidades do país, bem como na imensa maioria das cidades europeias e as do Norte do continente americano.


A situação, por aqui, fica bem pior quando se sabe que o uso das calçadas foi desviado do sentido para os quais estes espaços públicos foram criados. Elas, as calçadas, estão sendo utilizadas (pasmem!) como extensões de bares, restaurantes, hotéis e lojas - além de estacionamentos. 
Isto se dá há bastante tempo. Nunca, aliás, a prefeitura cuiabana tentou coibir esses absurdos. Absurdos que dificultam o transitar das pessoas, bem mais dos deficientes físicos e da mãe que procura empurrar o carrinho, onde se encontra o seu filho.


Não se está, aqui, a denunciar os traços desorganizados das calçadas. Bem que deveria se fazer tal denúncia (e se assim o fizesse, não se desviaria do objeto do texto). Pois os ditos espaços são construídos de forma desnivelada e não são cuidados como deveriam ser. Neste particular, e apenas neste, vez ou outra, a prefeitura tem agido para levar alguns poucos proprietários das residências a construírem e a melhorarem as calçadas (tarefa igualmente do gestor público).

Esta medida, contudo, depende imprescindivelmente de outra, a saber: o uso das calçadas apenas pelos pedestres. Uso desviado e desrespeitado por particulares, assim como também pelo prefeito (e seu secretariado) e pelos vereadores, uma vez que estes não cumprem, de fato, com uma de suas tarefas.

Isso se torna mais estranho ainda quando se percebe que dentro da administração pública cuiabana existe a figura dos chamados ‘amarelinhos‘. Estes têm como uma de suas funções a orientação e o cuidado com o trânsito, com o passar dos carros e dos transeuntes.

O não cumprimento dessa função torna a cidade mais desorganizada, indisciplinada, provocando em razão disso violências.

Portanto, o desrespeito às vagas exclusivas de idosos e deficientes se torna bem maior quando identifica também o desvio do uso das calçadas e das faixas de pedestres. É isto.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. 
E-mail: lou.alves@uol.com.br


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