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Segunda - 22 de Julho de 2013 às 16:45
Por: Alexandre Garcia

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A FIFA proibiu a caxirola nos estádios, mas ela está na moda oficial. Como vocês sabem, é um instrumento que, se for agitado, faz barulho. As ruas de junho tiveram o poder de agitar quem andava parado - os três Poderes. O Supremo tinha em mãos um réu acusado há 18 anos e condenado em todas as instâncias, inclusive no próprio tribunal desde 2010. Mas não deixou terminar o mês das passeatas sem que o deputado Natan Donadon fosse preso. A Câmara, que aprovara a lei da Ficha Limpa, tinha um condenado no plenário e até agora não lhe tirou o mandato.

A agitada caxirola fez barulho. Plebiscito, reforma política, fim do foro privilegiado, hediondez para corrupção, ficha limpa para todos ... um sem-número de notas numa sonora cacofonia. O plebiscito e a constituinte exclusiva foram natimortos. A reforma política terá morte precoce. Ou, por acaso, nós sabemos o que é voto distrital, ou distrital misto, ou recall, ou lista fechada? Sabemos? Então me diga aí quando extinguirem a transferência de votos que faz Tiririca eleger quatro ou cinco, o que vai acontecer? Digamos que Lula seja candidato a deputado federal. Vai ter 15 milhões de votos. Os petistas paulistas vão todos votar nele. E nenhum outro petista se elege. Entendeu?

E no voto distrital, que elege um deputado por distrito, digamos que o PT consiga vencer em quase todos os distritos. Faz, digamos, 70% dos distritos e tem, portanto, 70% da Câmara Federal. Mas os tucanos conseguem eleger o presidente. Vai governar com 70% de oposição? E por aí vão as perguntas, só para dizer que a reforma política é só ruído. E o financiamento público de campanha? Vão convencer o contribuinte a sustentar campanha política?

De grande apelo popular é o fim do foro privilegiado, que hoje remete direto ao Supremo deputados, senadores, ministros; e ao Superior Tribunal de Justiça, governadores, entre outros. Maluf é a favor do fim disso agora. Por quê? Ora, porque se acabar o foro privilegiado ninguém mais será condenado; ou vai levar meio século até o processo vir do juiz singular de primeira instância, passando pelo Tribunal Estadual, depois o STJ e por fim o Supremo. Os mensaleiros jamais seriam condenados. O Donadon demorou quase 20 anos. O foro é privilegiado para a cidadania, não para o réu, que já é julgado direto na última instância e só pode recorrer para quem o condenou. E é um julgamento sob holofotes, longe da capacidade de pressionar um juiz singular de primeira instância.

E na teimosia de importar médico cubano, agora anunciam um teste para a prova que revalida diploma de médico estrangeiro. Quem vai testar é estudante de último ano de medicina. Vão comparar médico formado no exterior com estudante brasileiro, para reduzir as exigências da prova e formados em Cuba e Bolívia terem alguma chance de passar. Devem pensar que fomos hipnotizados pelo ruído da caxirola.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília



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