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Segunda - 03 de Junho de 2013 às 12:19
Por: Lourembergue Alves

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Outro dia, até por conta de uma provocação de um dos leitores de A Gazeta, esta coluna procurou analisar o quadro demonstrativo das economias dos municípios mato-grossenses. E nesta análise, pode-se perceber que vários deles perderam sua identidade econômica original, a exemplo de várias localidades da Baixada Cuiabana e das cidades formadas a partir da exploração garimpeira. O fim do garimpo obrigou Poxoréu, Alto Paraguai e Nortelândia a “inventarem” outra atividade econômica, assim como ocorre, ou deveria ocorrer hoje com alguns dos municípios do Vale do Cuiabá, que até bem pouco tempo, eram sustentados basicamente da pesca. Invenção que não é tarefa fácil, pois necessitam de toda uma estrutura e de bons projetos, caso contrário as dificuldades se instalam e afugentam parte dos moradores do lugar.

Um desses bons projetos, que se tem notícia, aliás, defende a construção de um canal que possa levar água, da Represa do Manso, para as áreas rurais da Baixada Cuiabana. Isso deve ser facilitado porque a dita represa se encontra numa altitude muito superior a de Rosário Oeste, Jangada e a de Acorizal, os quais receberiam o precioso liquido “por gravidade e por um duto de irrigação”.

Situação que permitiria, então, o estabelecimento de “um perímetro devidamente planejado, promovendo desse modo um impacto econômico positivo aqueles municípios”, assim como também por Nobres.

Mas não seriam apenas esses quatro municípios os beneficiados. Todo o Vale teria sua economia reoxigenada, e especialmente a partir da implantação definitiva do Ceasa (Central de Abastecimento do Estado de Mato Grosso), recentemente criado pelo governo estadual, e que bem poderia ser abastecido também com produtos originários da Baixada Cuiabana, uma vez que a dita central está diretamente vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf). E, mesmo que não estivesse ligada a esta secretaria, o seu espaço – ainda que explorado por terceiros - será destinado à comercialização de produtos agropecuários, hortigranjeiros, avícolas, pesqueiros, frios, estivas e cereais.

Tal possibilidade refletiria diretamente no cotidiano de um sem número de famílias que, por falta de possibilidade outra, atravessa dificuldades financeiras.

Daí a importância da construção “do canal do Manso para o desenvolvimento do perímetro irrigado da Baixada Cuiabana”. Uma idéia, cuja viabilização e implantação teriam um custo bem menor, mas de uma grandeza social sem igual para o Estado, que o da geração de empregos oriunda dos incentivos fiscais concedidos a pouco mais de trezentas empresas.

Incentivos fiscais, embora bastante questionados e de dividendos sociais duvidosos, teve seu período de vigência estendido por mais doze anos. Renovação que teve a intervenção decisiva dos deputados estaduais, uma vez que estes pressionaram o governo e fizeram vistas grossas a um conjunto de vícios que faz do Estado refém de um grupo de empresários. Estes parlamentares, aliás, agora, bem que poderiam trabalhar em favor da construção do canal do Manso, de Mato Grosso e da população.

Uma construção imprescindível ao crescimento econômico de uma dada região, além de ser, é claro, uma necessidade já anunciada quando se ergueram a represa ou lago do Manso. Pois o dito lago foi construído a partir de um princípio norteador, a saber: aproveitamento múltiplo das águas do Manso (APM).

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br  



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