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Segunda - 20 de Maio de 2013 às 06:45
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

A disputa político-eleitoral é um jogo, e, como tal, as estratégias de ação são valiosíssimas. O que exige habilidade o bastante para adotar a mais adequada delas, a qual não precisa, nem deve ser necessariamente a mesma da eleição anterior. Pois cada campanha eleitoral é única, inclusive no cenário e nos atores, apesar da repetição de um ou outro nome. Os tucanos, contudo, ignoraram tal detalhe, e isso os fez cometerem um segundo erro grosseiro, o de procurarem esconder os feitos do governo FHC, cujos acertos foram parar erradamente em contas das gestões petistas. Os peessedebistas, então, depois de três derrotas consecutivas, resolvem mudar de tática. Elaboraram um documento que retrata rapidamente a história dos programas de transferência de renda no país.

Isso é bom, positivo e necessário. Desnecessário, contudo, se a tal história tivesse, até aqui, sido divulgada corretamente, sem maquiagem e sem manipulação. O pior de tudo, porém, é perceber que a mídia também contribuiu para que ela, a tal história, fosse contada de acordo com as vontades e as necessidades do grupo que tem as rédeas do poder de mando. A ponto, por exemplo, de grande parte de a população acreditar que o Lula da Silva é o único responsável pelos programas sociais do país.

Crença, talvez, agora colocada em xeque, com o documento tucano. O “talvez”, aqui empregado, se deve a dúvida de que o PSDB terá condição ou não de convencer a população. Até em razão do seu próprio silêncio. Silêncio de quase treze anos. Pois “quem cala, consente” – diz o dito popular. O seu calar foi estimulante para os petistas, que “deitaram e rolaram” com os dados, personagens e o “script”. O desdizer de tudo que foi maquiadamente contado está longe de ser uma tarefa fácil, bem mais difícil para os tucanos que “caíram” no descrédito popular.

Descrédito que não invalida a história que eles contam hoje. Apesar da falta do entusiasmo e da convicção deles. Diferentemente, entretanto, da narração do líder-mor petista, que esqueceu propositadamente de dizer o contexto em que foi gerado o Bolsa Família.

Nesse sentido, vale à pena transcrever um trecho do documento tucano, elaborado por Xico Graziano: “A arquitetura da rede de proteção social construída dependeu, inicialmente, da estabilização econômica” (p1). Estabilização que se deu, obviamente, a partir “do fim do imposto inflacionário, que penalizava fortemente os mais pobres”. “Fim”, com o qual se pode “alcançar um novo patamar de combate à exclusão social, atacando as fontes geradoras da miséria” (p.1).

Depois deste resgate histórico, político e social, o referido documento passa a elencar os programas instituídos e desenvolvidos durante o governo FHC. Não sem antes fazer alusão a criação do Programa de Distribuição Emergencial de Alimentos (Prodea), em 1993, do governo Itamar Franco, com o propósito de socorrer a população carente atingida pela seca no norte de Minas Gerais e no Nordeste. Programa, mais tarde, incorporado pela Comunidade Solidária (1995), cujo papel foi, além de outros, ampliar o universo de famílias atendidas.

Foram criados: o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), em 1996; o Bolsa Escola, em 1997; o Bolsa Alimentação, em 2001; o Auxílio-Gás, em 2000; o Bolsa renda, em 2002; além de instituídos o Programa de Garantia de Renda Mínima, em 1998, e o Cartão Cidadão, em 2002.

Estes programas, aliás, foram unificados em 2004, já no governo Lula da Silva. Unificados, passaram a ser chamados de Bolsa Família. Os petistas, porém, contaram só os números de assistidos a partir de 2004, pularam de propósito os programas que resultaram nele e os feitos anteriores a 2003.

Feitos e programas resgatados agora. Com isso, os tucanos pretendem fortalecer a candidatura do Aécio Neves para a presidência da República. Tarefas dificílimas. Até mesmo pela falta de habilidade dos peessedebistas, e em razão das inverdades contadas nestes quase treze anos.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.   



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