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Terça - 07 de Maio de 2013 às 16:44
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Novamente a questão da construção do Canal do Manso. Obra imprescindível para o crescimento da economia do Vale do Cuiabá ou da Baixada Cuiabana. Daí a necessidade de sua discussão. Discussão que se inicia com o princípio norteador da própria construção do lago do Manso – formado pela água represada da usina hidrelétrica - localizado a 86 quilômetros de Cuiabá, a uma altitude aproximadamente de 361 metros acima do nível do mar. Principio norteador que nada mais é do que o Aproveitamento Múltiplo das águas do Manso (APM): gerar eletricidade, melhorar o turismo e as atividades de lazer, abastecimento de água para fins doméstico e industrial e o uso de água para irrigação de áreas com potencial agrícola.

Dúvida não há de que as terras que compõem o dito Vale são potencialmente agricultáveis. Faltam-lhes, na verdade, a água necessária, que pode chegar ao Vale, via irrigação. Processo altamente viável, uma vez que a Constituição Federal de 1988 e as Leis referentes às políticas Nacionais de Meio Ambiente (6.938/81), de Política Agrícola (8.171/91) e de Recursos Hídricos (9.433/97) trouxeram conceitos e instrumentos para o uso e manejo sustentáveis dos recursos naturais.

Uso e manejo sustentáveis que, aliás, estão contemplados no projeto de governo de Silval Barbosa, registrado no dia 5 de julho de 2010 no TRE/MT. Fala, por exemplo, da agricultura de subsistência, da agricultura familiar, e, portanto, dos pequenos agricultores. Dar atenção a estes é, em outras palavras, promover também o crescimento econômico do Estado. Pois, neste, nem tudo é soja, são os grandes empresários do agronegócio. Existe, igualmente, a necessidade de produtos hortigranjeiros.

Aqui, cabe um trecho de um texto que recentemente chegou a esta coluna, no qual o missivista dizia que Mato Grosso não pode mais “viver na dependência de outros Estados produtores de hortaliças e frutas”, e nem se deve “assistir indiferentemente ao contraste entre a prosperidade” do interior mato-grossense “e a pobreza da Baixada Cuiabana”. Nesta “é particularmente interessante no nível de luz solar” e terras férteis, o que lhes permitiriam “um alto nível de produtividade” e, ao mesmo tempo, capazes de reduzir “o tempo de colheita, graças à baixa incidência de infestações devido à baixa umidade”, e existe também a possibilidade de “diminuição do uso de inseticida”. E, por fim, o referido missivista chama a atenção para o Nordeste, onde cresce “as áreas irrigadas”, e estas têm proporcionado, por exemplo, “o crescimento econômico do Estado do Ceará”. Convite que ele estende ao Vale do São Francisco, no qual, segundo ele, “é a área em que está concentrada parte de produção de frutas para exportação”. Roteiro que chega a Petrolina/PE e ao Juazeiro/BA, cidades localizadas na região do semi-árido, porém, nelas, “há vários projetos de irrigação que tornam possível a produção contínua de frutas de qualidade”.

Exemplos que poderiam ser seguidos pela Baixada Cuiabana ou Vale do Cuiabá. Talvez com maior desenvoltura, dada a competência do solo e a esperança por parte de uma grandiosa comunidade, que jamais contou com a devida e necessária atenção do governo estadual e do conjunto de parlamentares estaduais e federais. Estes, sobretudo, sempre lhe ignoraram. Pois voz alguma, ao longo destes anos, se levantou para cobrar e brigar pela construção do Canal do Manso.

Obra que, sem dúvida, abriria também as possibilidades para centenas de famílias, bem como a uma porção de gente que, em 2000, foi remanejada de seus locais de moradia após serem atingidas direta e indiretamente pela construção da hidrelétrica.

Percebe-se, então, a necessidade da discussão sobre a construção do Canal do Manso. Seu adiamento não faz sentido, jamais fizera, pois só retarda o crescimento econômico de toda uma região.

Construção que se faz necessário, por outro lado, para contemplar por inteiro os dois objetivos que levaram a pensar e a viabilizar a dita represa, os quais se resumem na sigla APM (Aproveitamento Múltiplo das águas do Manso).

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.



URL Fonte: http://toquedealerta.com.br/artigo/266/visualizar/