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Segunda - 06 de Maio de 2013 às 19:26
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

A imensa maioria da população do Vale do Cuiabá se vê alheia a especulação em torno dos postulantes para a disputa de 2014. Ela, que conversa sobre uma porção de coisas, inclusive a respeito do atraso das obras da Copa, recusa a trazer a dita especulação para dentro de casa. Isso é grave. Bem mais ainda quando se observa que já há bastante tempo, todo o referido Vale ou Baixada, como queira chamá-lo, se vê longe das atenções dos políticos. Parece até que a região não tem representante no Parlamento estadual, nem uma única voz que possa expressar em seu nome no Congresso Nacional.

Quadro complicado. Tanto que, sequer, se pensou no referido Vale ou Baixada quando ficou acertado que o trilho da ferrovia teria como parada final a cidade de Rondonópolis, e não mais a Capital.

Reprise de novela antiga, sem a onda “do vale a pena ver de novo”. Ignora-se, com isso, a potencialidade de uma região e de uma camada populacional. Igualmente quando se começou a discutir a construção da usina de Manso, lá pelos idos dos anos 1980 e 1990, e que se incrementou no governo de João Batista de Figueiredo. Alguns políticos há época, foram acusados de fazer da discussão palanque eleitoral. No entanto, nenhum pronunciamento, defesa alguma em favor da construção de um canal que pudesse levar água para as áreas rurais do Vale ou da Baixada, e, assim, promover o crescimento de sua produção, o que ampliaria a possibilidade de sustento de inúmeras famílias.

A idéia de construção desse canal é possível de sair do papel. Mesmo que exista uma série de interesses que teima em fazer o percurso contrário, quase em um processo de parigatos, com o fim de monopolizar toda água que, curiosamente, deveria ser socializada, pois trata de algo da natureza.

Os tais interesses, fortes e consistentes, aliás, emudecem o Parlamento regional e deixam taciturnos os representantes do Estado na Câmara Federal e no Senado.

Obedientes, a exemplo dos “caititus”, parafraseando o ex-deputado e agora prefeito rondonopolitano, os chamados políticos com cadeiras nos Legislativos estadual e federal se esquecem que representam todo o Mato Grosso, cujo tecido territorial inclui o Vale do Cuiabá ou a Baixada Cuiabana.

Esta - cabe dizer - é o maior colégio eleitoral estadual. Tem, portanto, um peso político-eleitoral fantástico. Porém, contraditoriamente, parece não ter, na mesma proporção de seu tamanho eleitoral, igual poder de barganha.

A pergunta que se ouve cotidianamente: O que fazem os deputados estaduais, federais e senadores da região? Ah! Estes senhores, certamente, se lembrarão de que são do lugar quando estiverem em campanha, e precisarão de votos para manter os postos que ocupam.

Isso, por outro lado, obriga, ou deveria obrigar os moradores do Vale ou da Baixada a pensarem e a conversarem sobre política. Até para demarcarem terreno, à moda como fazem “sabiamente” os cães. Demarcação que lhes servirá também como baliza, como referência, e de onde poderão conduzir suas reivindicações, em especial a construção do canal do Manso, cuja importância política, social e econômica será gigantesca.

Percebe-se, então, que nada lhes vale o distanciamento, o ficarem alheios as questões e dos negócios do Estado. O jeito é participarem, apresentarem-se no espaço público, que é comum a todos, até pela sua relevância para a existência da política.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.



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