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Quarta - 03 de Abril de 2013 às 10:33
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Prefeito e vereadores acenderam o cachimbo da paz. Trégua necessária, e até oportuna. Bem mais se ela resultar em diálogo. Pois a Capital mato-grossense urge por soluções a seus inúmeros problemas. Sobretudo aqueles que estão diretamente relacionados ao cotidiano dos munícipes. Justifica-se, então, a necessidade de aproximação entre o chefe do Executivo com o Legislativo. Ainda que esta aproximação resulte em falatórios. Estes, aliás, norteiam as conversas de botequins e os bate-papos nos logradouros. Falatórios que, sempre, resultam em dúvidas, tal como o motivo que levou o fim dos rompantes dos parlamentares.

Isso não se deu em razão de amadurecimento. Pois o amadurecer politicamente carece de tempo, de traquejo e, enfim, do aprender a lidar com a força liberadora de vaidades. Coisa que, dificilmente, teria acontecido tão rapidamente. Até porque nem mesmo entre os veteranos aparece alguém com postura de articulador, com habilidade o bastante para frear o ímpeto dos “marinheiros de primeira viagem”, e estes, igualmente, não contam com figuras aconselhadoras e conciliadoras, posicionadas na retaguarda ou nos bastidores, a despeito de uma ou outra das tais figuras ter construído toda uma trajetória de sucesso eleitoral.

Construção que não se deu com tijolos da conciliação, assentados a argamassa do diálogo. Nem deveria, uma vez que as conquistas, inclusive de espaço, passam por viés diferenciado. Foi exatamente o que se viu na eleição da Mesa Diretora. Ainda que comemorada sob o canto da “renovação”, cuja partitura é tão antiga quanto era o grito de guerra contra o alcaide recém-empossado.

Este, contudo, devido a sua inexperiência e sua forma de ser, gerada da iniciativa privada, não soube proceder como chefe de governo. Disse o que jamais deveria dizer, agiu de maneira inapropriada ao cargo, assim como também comportaram os vereadores.

Impasse que se transformou em queda de braços. O prefeito parecia perder forças. Mas, em dois lances isolados e aparentemente desconectados um do outro, encurralou os integrantes do Legislativo. Isso se deu exatamente no instante em que deixou de sancionar os reajustes do subsídio e verba indenizatória dos vereadores, e, ao mesmo tempo, vetou o aumento do próprio salário. A Câmara, então, foi levada a publicar os reajustes de seus membros, e isso obrigou a participação do Ministério Público, que passou a questionar o valor dos ganhos dos vereadores. Estes, então, derrubaram o veto do prefeito, concedendo-o um reajuste anteriormente recusado. Mesmo assim, ainda estavam em desvantagem.

O tom agressivo desapareceu, e o cenário de confronto cedeu lugar ao acerto, a negociata. O prefeito teve aprovado uma verba indenizatória que, segundo ele mesmo diz, jamais precisaria. Tudo, portanto, para afugentar a discussão jurídica que se travou em torno dos valores percebidos pelos vereadores.

Entende-se, agora, o porquê os representantes do povo deixaram as trincheiras, e não mais atacam o socialista-prefeito. Preferem as artimanhas das negociatas.

Quadro revelador. Revela, sobretudo, que eles preferem primeiro calcular os ganhos próprios, antes de pensar na cidade e em seus moradores. Tanto que já estão a fazer um novo pleito, o de aumentar o duodécimo (normatizado pela Constituição Federal), mesmo diante das dificuldades financeiras da prefeitura.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.        



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