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Segunda - 11 de Março de 2013 às 10:24
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Ao ser reeleito, Silval Barbosa passou a alimentar a idéia de sair-se candidato ao Senado. Os ventos pareciam pender a seu favor. Pois inexiste um nome forte em destaque, e o atual senador, Jayme Campos, não vem tendo um bom desempenho, ainda por cima a sua esposa perdeu a disputa para prefeitura de Várzea Grande. Resultado que se soma ao enfraquecimento do DEM, que se contrapõe ao fortalecimento do PMDB, especialmente nas cidades-pólos do Estado, o que passa a ser um trunfo político-eleitoral significativo, o qual se junta à realização das obras da Copa de 2014.

O governador, no entanto, se enrola todo no varejo. Isso desde muito antes da vitória de 2010, quando ainda iniciava a dar seus primeiros passos à frente da administração pública estadual, longe dos olhos do republicano Maggi. Dois ou três secretários se mostravam, aos olhos da sociedade, bem maiores que o peemedebista, e pareciam mandar no governo. Situação que se repetia no segundo mandato, com muito mais clareza. Agravada com a pressão dos partidos aliados, sobretudo o PSD, PR e PMDB, que brigam por cargos e por maiores espaços. Silval Barbosa parecia, e ainda parece meio perdido neste ambiente de lutas de egos e de poder de barganha. Tanto que o PT trocou a Rosa Neide pelo Saguas na chefia da secretaria de educação, sem antes sequer lhe ouvir a respeito, e, pior, ele empossou o recém-desempregado da Câmara Federal. Por outro lado, não “deu o murro na mesa” quando era preciso, logo no início do desentendimento lá pelas bandas da AGECOPA, e se sentiu levado a dar poder ao vice-governador no instante em que as coisas na AGER fugiam de seu controle.

Estampa que não passou despercebida da população. Ainda que alguns dos quadros que a compõem deixassem de ser evidenciados pela mídia regional. Mas a repercussão que outros causaram foi o bastante, e contribuíram com a opinião popular de que o governador perdia o controle sobre a própria gestão, a máquina. Nos botequins se ouvia os nomes de quem, realmente, mandam na administração regional. Embora nenhum deles tenha sido escolhido para desempenhar tal tarefa. Não pelo eleitorado que, mais tarde, se viu levado a mudar sua atenção, agora para as obras da Copa, particularmente por conta dos transtornos e das dificuldades no trânsito.

Apesar disso, essas obras surgiam como a redenção de um governo cheio de problemas. Poderiam, e ainda podem ser as grandes puxadoras de votos. Silval Barbosa era empurrado de volta para o centro do tablado. Mas ele comete o erro de não dar a atenção devida às críticas, e se acha no dever de apenas ouvir um lado das versões, geralmente aquela dada por um ou outro político que lhe parece próximo, e se esquece de conversar com a população. Sua comunicação é sofrível e a imagem de seu governo é mal “vendida”. E, para completar, não deu a resposta no instante em que saíram as primeiras denúncias de que uma das empresas – responsáveis pelas obras da Copa - “corre” risco de liquidação, se fechou no gabinete diante das cobranças dos municípios com relação às pontes caídas e os buracos nas rodovias, assim como faz diante da paralisação de operários incumbidos das construções de trincheiras da Mário Andreazza, Verdão e Santa Rosa.

Barulho que coincide com o das denúncias de que parte do dinheiro, a ser usado para bancar os serviços de trincheiras e dos trilhos do VLT, está direcionada para pagamento de servidores. Eco que se mistura com o de que 30% do FETHAB também se canalizam para pagamento da folha. Comentários bastante ouvidos nos botequins, e que se associam a outro, o de que as obras não estarão prontas para o campeonato de futebol. Se isso ocorrer, o peemedebista estará, de fato, enterrando a sua candidatura ao Senado, em 2014. Assim, os ventos que lhe pareciam favoráveis, tomam rumos adversos, e não há como fazê-los retornar ao percurso antigo. Até pelos tropeços do próprio governo e da falta de diálogo com a população.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br 



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