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Segunda - 21 de Janeiro de 2013 às 23:06
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

O jogo político-eleitoral é sempre tido como um jogo de xadrez. Esta analogia é muito interessante, e didática. Pois ajuda a compreensão de quem não é dado a acompanhar as disputas eleitorais. Nestas, tanto quanto naquele, os detalhes são importantes, e até decisivos. Sobretudo quando um ou outro ator não lhes dá a atenção devida. Tal mancada pode favorecer o adversário. Bem mais quando este o leva a cometer os erros esperados, oriundos quase sempre das respostas desnecessárias as provocações sofridas. Daí para a vitória é uma questão de tempo, uma vez que o “rei” não foi protegido o bastante, nem consegue mais proteger seus “peões”, tampouco atacar os do adversário, pois tem a própria movimentação limitada pelo “rei” oponente.

Situação fatal. Evitá-la é possível. Ainda que não se tenha uma única jogada à vista. Afinal, as táticas também devem ser usadas no sentido de desestabilizar quem se encontra do outro lado do tablado. Neste aspecto, deslocando-se do desenho enxadrista para o campo eleitoral, parece que o empresário-socialista, embebedado pela condição de prefeito, não se preveniu contra a arapuca deixada em seu caminho, pela Mesa Diretora da Câmara cuiabana. Arapuca cuidadosamente armada com o fim de “limpar a barra” dos vereadores, que insistem em entoar, embora desafinadamente o cântico da “renovação”, e, ao mesmo tempo, deixar desguarnecido o chefe da administração pública local. O que pode fazê-lo de refém. Tanto nas negociações entre o Parlamento e a prefeitura, como fora desta esfera doméstica. Inclusive para os propósitos do líder-mor do PSD, que tem – hoje – como maior adversário na disputa pelo governo regional, em 2014, o senador do PDT, que conta quase desesperadamente com a boa atuação do alcaide da Capital. Idêntica estratégia empregada pela Assembléia Legislativa que traz peado o governador, até para diminuir a visibilidade político-eleitoral de quem possa surgir com o seu apoio, e entre as obras com vistas aos jogos da Copa do Mundo.

Nada disso, portanto, tem sido feito em prol do contribuinte, do munícipe. Este, aliás, não é tido como importante neste jogo de discurso ideológico. Mesmo quando se diz que a “Câmara de Cuiabá não será mais subserviente, nem submissa ao Executivo”. Frase forte, sugestiva e mexe com o emocional do eleitorado. Principalmente quando é vista como parte de uma jogada eleitoral maior, de dimensão regional.

Isso deve ser levado em conta por duas razões. A primeira em função de que a Capital é o maior colégio eleitoral, e, nesta condição, pode oferecer ao seu gestor também maior visibilidade – capaz, inclusive, de ajudar ou atrapalhar politicamente quem se encontra ao lado dele. Já a segunda, e não necessariamente nesta ordem, aqui sempre se registrou forte rejeição ao nome do presidente da Assembléia Legislativa, em especial em uma briga pela cadeira central do Palácio Paiaguás. Suas tentativas infrutíferas com o intuito de seduzir o eleitorado cuiabano deixam isso bastante claro.

É claro que todas as ações do líder maior do PSD nasceram de uma leitura equivocada do cenário eleitoral cuiabano. Ainda que se tenha como peça relevante as acusações que pesam sobre este peessedista, conforme exaustivas publicações a respeito na imprensa.

Independentemente disso, vale acrescentar, a eleição do seu genro para a presidência do Parlamento municipal, acompanhada de uma série de movimentações que obrigue o prefeito a permanecer em queda de braços com os vereadores, pode sem dúvida ajudá-lo bem mais nesse jogo de conquistas e seduções da população local. A não ser que o prefeito seja orientado a proceder de outro modo, sem as jogadas estabanadas, à moda do primeiro turno das eleições de 2012, cujo prejuízo lhe ocasionou uma queda vertiginosa nas pesquisas.

Governar, é importante que se diga, é também saber negociar, dialogar. Trunfos, porém, difíceis de serem identificados nas jogadas do socialista-empresário. Daí a sua situação, sempre desfavorável, em xeque-mate.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.



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