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Segunda - 07 de Janeiro de 2013 às 19:07
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

O mundo ocidental comemora o nascimento de um filho de Deus feito homem. Os escritos da Bíblia falam que a criação do homem e da mulher seguiu a imagem e semelhança de Deus. Embora fique difícil imaginar um deus com aparelho digestivo, não é o caso de entrar em desafios que a fé impõe à razão. No chamado espírito natalino, tomemos lições que o episódio do nascimento de Cristo traz. A maior delas é que um filho de Deus nasceu não num palácio, mas num lugar freqüentado por animais. Quando ouço pessoas se arrogando serem representantes de Deus, percebo que não aprenderam nada do presépio. E que cometem, ao assumirem o papel de falar por Deus, o pecado capital da soberba, que é o oposto da maior das virtudes, a Humildade.

Volta e meia, aqui em Brasília, nesses últimos 36 anos em que mantenho distância sanitária do poder na capital, vejo gente que se engana, aqui chegando de nariz empinado, transbordando atitudes autoritárias e suposta superioridade. Já são mal-formados para a democracia, porque não sabem que o poder lhes foi transferido do povo para que ajam pelo povo. São nomeados pelo voto do povo ou por alguém a quem o povo, pelo voto, conferiu o poder de nomear. São sustentados pelos impostos do mesmo povo que os nomeou. E só o que têm a fazer é trabalhar corretamente, com honestidade. Mas fazem discursos como se estivessem concedendo saúde, segurança, estradas, usinas e até cestas básicas. Pois não sai um único centavo do bolso deles. Ao contrário, muitas vezes entra além do que está no contracheque.

Não é para ter raiva deles, mas pena, porque são uns tolos. Passado o tempo deles, eles vão embora. Os narizes em pé logo são substituídos por rabos entre as pernas. Não se dão conta do sic transit gloria mundi, que em latim fica melhor, mas em bom português quer dizer que toda glória é transitória - é uma rima e uma lição. Assim como alguns cristãos que não pensaram, têm a mania de coroar santos humildes como se reis e rainhas fossem, também assim muitos poderosos sonham em serem coroados, reconhecidos, incensados. Fico pensando que tipo de chefe é aquele que gosta de puxa-saquismo de seus comandados, que passem o dia elogiando, dizendo que o chefe é o maior, cantando loas e ave-ave-chefe. Não seria um bom chefe, e muito menos santo, porque é prisioneiro do pecado da soberba, um sinônimo de vaidade. No filme O Advogado do Diabo, o diabo(Al Pacino) afirma que a vaidade é seu pecado favorito.

Quem tem humildade no coração não tem soberba. E é um sábio. Aliás, todo sábio é humilde. Todo vaidoso é um bobo. Vaidosos gostam de ritos e quando se destacam pelo cerimonial é porque não são capazes de se destacar apenas pela sabedoria e o conhecimento. Não há fama, dinheiro, poder, capaz de substituir a humildade inerente do sábio. Porque se não for humilde, não é sábio. O bebê que foi parido numa manjedoura, anos mais tarde deixou outra lição, um aviso aos que se enganam: "Os últimos serão os primeiros".

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília



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