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Domingo - 09 de Dezembro de 2012 às 09:40
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Reduzir os custos da máquina pública é uma meta de todo governante. Meta louvável, porém de raro alcance. Até porque os parceiros de campanha e/ou da chamada base aliada tendem a cobrar maior quinhão, e isso torna difícil a redução dos gastos. Ainda que o gestor tenha boa vontade. O prefeito-eleito de Cuiabá, por exemplo, já anunciou “fundir três secretarias para otimizar verbas”, a saber: Cultura com o Turismo, Esporte com a Cidadania e a estrutura da Juventude a ser incorporada pela pasta do Trabalho.

Intenção que despertou a atenção de populares. E não é para menos. Pois a imprensa deu toda a cobertura necessária. Por outro lado, quase sempre, tal promessa – antes de se tomar posse – inaugura “a lua de mel” entre o eleito e o eleitorado. O que favorece a própria gestão. Ainda que a dita promessa esteja recheada de maquiagem, até para seduzir ou cooptar o munícipe que não votou no socialista, ou amenizar as críticas dos analistas mais independentes e que não se deixam levar facilmente pela lábia de quem terá o poder de mando.

O futuro prefeito, contudo, não apresentou um planejamento de trabalho. Seus defensores alegam que tal demora se deve a espera do relatório da equipe de transição. Isso pode até ser verdade. Mas na sua campanha não se viu qualquer traço de plano ou de projeto, à época denunciada nesta coluna.

Isso, porém, está longe de negar a importância de se reduzir o número de pastas. Até porque a administração pública da Capital conta com vinte e uma secretarias. Número inflacionado muito mais para contemplar apoiadores que, necessariamente, para dinamizar a gestão, com o fim de melhor atender as exigências da população.

Propósito que dificilmente será alcançado com a manutenção das pastas de Cidades, Desenvolvimento Urbano, Obras Públicas e de Serviços Urbanos. Pastas que, em linhas gerais, têm iguais incumbências, e, por conta disso, “batem cabeças” entre si. Elas poderiam ser transformadas em uma única, a de infra-estrutura, que passaria a ser a super-secretaria, cuja atenção estaria voltada diretamente aos interesses imediatos dos cidadãos.

Assim, o município passaria a ter uma quantidade necessária e imprescindível de secretarias.

Tarefa, contudo, de difícil realização, uma vez que os partidos aliados precisam ser atendidos em suas reivindicações. O que obriga o governante a ceder. O empresário-prefeito não agirá de modo diferente. Terá, portanto, igual comportamento de outros empresários quando assumiram a chefia do Executivo, que não foi distinto do “político de carreira” nos governos do município e do Estado, sob as desculpas da chamada governabilidade.

Desde então, a palavra governabilidade ganhou sentido completamente equivocado. Aliás, as negociatas travadas por causa da eleição da Mesa Diretora do Legislativo cuiabano deixa isso bastante claro.

O prefeito-eleito não está alheio as referidas negociatas. Participa, assim como outros – em épocas pretéritas - igualmente participaram, ainda que não publicamente. Pois a eleição dos dirigentes-vereadores pode ajudá-lo a compor definitivamente a sua base aliada que, para ser formada, passa pelo atender a caprichos, vontades e interesses partidários e individuais. Daí a dificuldade de se ter um número adequado de secretarias. É aguardar para ver. A espera é importante, e isso está longe de ser tomado por ingênuo. Ainda que seja ingenuidade acreditar piamente nas intenções do gestor.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.



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