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Quinta - 29 de Novembro de 2012 às 22:00
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

O Exame Nacional do Ensino Médio, mais conhecido por ENEM, não é o instrumento ideal, nem o único possível. Mas através de sua lente pode visualizar parte da fotografia da educação escolarizada brasileira. Não toda a estampa. Mesmo assim, de acordo com as notas registradas, o resultado é desanimador. Pois grande número das escolas tem desempenho regular ou péssimo. Assusta, portanto, o quadro das públicas do Estado de Mato Grosso.

Assusta bem mais quando se percebe que o chefe da pasta está completamente perdido. Pois lhe falta planejamento de ações e metas. Daí o seu agarrar, quase desesperador, a uma justificativa que, por si só, não sustenta o triste desempenho. Ainda que se saiba o quanto é verdade que o estudante permanece apenas quatro horas, ou até menos que isso dentro da unidade escolar, que tem a obrigatoriedade de atender turmas diferentes em três turnos diariamente.

Situação que poderia ser outra, caso o governador estivesse atento à suas próprias promessas de campanha. Sobretudo a que diz respeito a construções de Centros Poli-Culturais, cujo número deles deveria variar de acordo com a quantidade de habitantes de cada município. A Capital, por exemplo, seria contemplada com cinco deles – destinados a atender alternadamente alunos de todas as escolas da rede pública do Estado, na cidade, e em horário distintos ao das aulas propriamente ditas.

Tais Centros, ligado a uma fundação criada para este fim, com equipes de trabalho altamente comprometidas, formadas a partir de um rigoroso e necessário exame de seleção, sem a intermediação de mãos político-eleitorais. Daí o seu não atrelamento a SEDUC. Ainda que haja, e deverão existir, convênios entre eles. Até porque os referidos Centros contariam com especialistas dos mais variados, entre os quais médicos, dentistas, psicólogos e professores de línguas, xadrez, artes plásticas, literatura e conhecimentos gerais.

Cada uma dessas especialidades, dentro de um roteiro cuidadosamente organizado pelos próprios Centros, se somaria a carga-horária oferecida pelas escolas, e recomendada pela Secretaria. O que resultaria em oito horas-dia.

Isso, entretanto, nada tem a ver com escola pública de tempo integral, em que os alunos deveriam ter uma jornada de sete horas-dia. Programa, defendido por dezenas de profissionais de educação e emprestado pelo PMDB, criado em 2008 pelo Ministério da Educação, de onde sai à notícia de que já se têm quinze mil escolas brasileiras, com 2,8 milhões de alunos beneficiados.

Não é papel de este texto questionar esses dados oficiais. Mas uma coisa se deve evidenciar, a escola em tempo integral seria impossível de ser implantada pela rede pública estadual. Até porque não seria tarefa fácil construir uma vez mais a quantidade de salas de aula existentes no Estado, pois as atuais já se destinam a atender aos três turnos diários, e a nomeação de outra igual quantidade de professores.

Os dividendos obtidos, não há dúvida, justificam os referidos custos. Porém a receita orçada para a pasta – acanhada - não os suportariam.

Assim, a criação dos ditos Centros Poli-Culturais atenderia a demanda muitíssimo melhor, e com um gasto bem inferior.

De todo modo, não basta apenas erguer paredes e contratar profissionais. É necessário transformar o ambiente construído em local apropriado e exclusivo para leituras. Atividade que, infelizmente, não se tem mais nas escolas. É aqui que está o grande problema. Temática de um segundo artigo.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br



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