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Quinta - 02 de Agosto de 2012 às 14:25
Por: Alexandre Garcia

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O que há em comum entre Petrobras e Mercosul? A Petrobras, símbolo do Brasil, sempre foi uma empresa de resultados, mas agora aparecem alguns tropeços feios. No governo Lula, fez uma parceria com a petroleira venezuelana PDVSA, para construir uma refinaria em Pernambuco. De nome Abreu e Lima, proposto por Chavez, porque foi um pernambucano que teria lutado com Bolívar. A Venezuela até agora não entrou com um centavo, e o custo saltou de 2,3 bilhões de dólares para 20,1 bilhões; era para ser entregue em 2010 e agora fala-se em 2014. Não foi um projeto empresarial, mas uma ação entre amigos - Chavez e Lula. A atual presidente da Petrobras afirmou que a lição deve ser aprendida, para que isso nunca mais se repita.

No Rio, um complexo petroquímico prevê duas refinarias e um polo petroquímico. Era para começar a produção em 2011, mas só vai terminar tudo em 2018. E o pior: a Petrobrás comprou dois geradores de mais de 1000 toneladas de peso. Chegaram da Itália e estão no porto do Rio, mas não podem sair de lá. Não há possibilidade de transporte rodoviário para eles e não há calado suficiente para transportá-los por água. Um fiasco logístico. Comprou e não sabe carregar. Isso sem falar no fiasco do lançamento do petroleiro João Cândido, para fazer festa em 2010. Com perigo de afundar, o navio voltou para o estaleiro e só ganhou o mar em maio deste ano, com dois anos de atraso. A Transpetro encomendou 22 ao mesmo estaleiro, em Pernambuco, terra de Lula, para estimular por lá a indústria naval, mas o parceiro coreano, a Samsung, caiu fora.

O Mercosul, por sua vez, embora com mais de 40 anos desde que surgiu como Associação Latinoamericana de Livre Comércio, agora está com 21 anos com o novo nome, mas ainda não chegou a maioridade de um livre comércio; é apenas uma união aduaneira cheia de barreiras, principalmente por parte da Argentina em crise. Sem cumprir normas e regras do Tratado de Assunção, de 1991, como a Venezuela abrir-se para produtos brasileiros, a liberação do comércio e a adoção de uma tarifa externa comum, admite-se o país de Chavez, um estatizante. Com isso, abrem-se as portas para a Bolívia, o Equador, o Suriname. E, como se vê pela retração da Comunidade Européia, fecham-se portas maiores. Alguém vai querer negociar com um empreendimento que tenha Chavez como sócio?

Perceberam, já, o quanto há de comum entre o Mercosul e a Petrobras? Duas potências econômicas que deveriam seguir princípios do mercado e da economia e ater-se a considerações técnicas, foram contaminadas pela política/ideológica pequena, atrasada, desatualizada do mundo. A retórica das soluções sociais e políticas se impôs sobre a realidade econômica. A Petrobras é uma empresa do estado brasileiro, não de um governo que possa usá-la. O Mercosul é resultado de um Tratado entre estados, não entre governos, nem pode ficar jungido aos presidentes de turno. Nos dois casos, misturar com política pequena significa apequenar o que poderia ser grande.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília



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