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Domingo - 03 de Junho de 2012 às 08:10
Por: Lourembergue Alves

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Outro dia, um jornal de alcance nacional destinou duas de suas páginas para falar sobre o Estado de Mato Grosso. Desta feita não era para noticiar a respeito da violência, nem das supostas falcatruas realizadas nos poderes constituídos, tampouco da situação complicada da saúde pública. Mas, isto sim, a cerca da sua produção, com a qual a região se vê alçada a condição de destaque do país.

Matéria bastante interessante. Ainda que não trouxesse nada de novo. Certamente porque tudo o que se publicou já é do conhecimento de grande parte da população local. Isso, porém, não reduz em importância o que foi veiculado. Ao contrário. Pois a dita matéria norteou uma ou outra conversa nos corredores que dão acesso aos gabinetes dos deputados estaduais, estimulou o bate-papo nos botequins e serviu para o comentário de analistas políticos. Levantado primeiro pela CBN/Cuiabá - segunda edição, sob a condução do jornalista Davi de Paula, que ora se afasta para tentar uma cadeira no Parlamento várzea-grandense.

Não sem antes, ainda pelos microfones radiofônicos, realçar a grandeza do Estado. Uma grandeza impressa nas páginas da imprensa, através das quais se lê que o Mato Grosso ocupa a segunda colocação na produção de arroz e de milho, a primeira em pecuária e é o maior produtor de algodão, girassol e de soja do Brasil. Apenas neste ano está prevista a safra de 21,4 milhões de toneladas de soja. Quantia invejável. Disso ninguém tem dúvidas, assim como também não deve ter com relação à potencialidade mato-grossense, que extrapola, e muito, esses números. Embora a sua principal via de escoamento, a BR-163, há bastante tempo, não suporta mais o fluxo cotidiano de caminhões superlotados. Até mesmo pelo fato de ser “pista única de dois sentidos”, alertava o repórter paulista.

O Estado, portanto, carece de alternativas. Sobretudo em razão do alto custo dos transportes. Pois “o trajeto terrestre até o porto de Santos, de 2.012 km, por onde escoa a 48% da exportação, custa mais do que o dobro do que a travessia por mar até a China (20 mil km)”. Questão igualmente levantada pelo repórter, no mesmo instante em que se lembrava da não conclusão do asfaltamento da BR-163 em seu extremo norte, em direção à Santarém, e do trecho inacabado da Ferrovia Norte-Sul que poderia ligar a Rondonópolis.

Deixa proposital. Mas que, infelizmente, passou em branco. Pois político algum se debruçou a respeito. Nem poderia. Pois lhe faltam estudos necessários. A não ser que ele, o político, se prendesse tão somente a leitura de manual, daquele encontrado nas vendas de bugigangas, porém insuficiente para que se tenha verdadeiramente uma argumentação à altura dos problemas encontrados.

Esta é uma verdade que assusta. Não mais, entretanto, do que a ausência de projetos que visem o impulsionar da industrialização no Estado. Pois esta unidade da federação não deve permanecer presa a produção de matéria-prima. Por mais que se saiba da sua relevância para o próprio crescimento de Mato Grosso. Crescimento, no entanto, que será ainda maior quando se também alavancar a indústria, particularmente em áreas concernentes ao vale do Cuiabá.

Tragicomicamente desleixada por possíveis postulantes às prefeituras, por exemplo, da Capital e de Várzea Grande. Particularmente a da Capital, que vive como a uma nave à deriva, sem identidade ou vocação que a identifique.               

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.   



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