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Terça - 10 de Abril de 2012 às 05:46
Por: Lourembergue Alves

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A presidente está mais bem avaliada que o seu governo. Não há, aqui, novidade alguma. Parece repetição de outros momentos históricos e políticos. Especificamente a partir da adoção do plano Real, com o qual se venceu a rotina de inflação alta e estabilizou a economia. O que favoreceu, e contribui com o crescente número do mercado interno, cuja válvula impulsionadora também é o incremento cotidiano de consumidores. Aumentado, inclusive, pelo reajuste do salário mínimo – ainda aquém do necessário.

Isso, por outro lado, explica a aprovação pessoal da presidente Dilma. Índice que subiu de 72%, obtidos em dezembro de 2011, para 77% no mês passado. Percentual que é o mais alto desde que a petista assumiu o cargo, e, segundo a pesquisa do CNI/Ibope, superior aos alcançados pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (60%) e Lula da Silva (54%), correspondentes ao segundo ano de governo.

Ainda que exista, na administração, setores com alto índice de reprovação. 65% dos entrevistados desaprovam a carga tributária, 63% desaprovam a saúde e 61% reprovam a segurança pública. Números bastante sugestivos. Pois realçam, grosso modo, o próprio retrato do governo. Fotografia que destoa, e muito, da própria imagem da pessoa que detém desse mesmo governo. Tanto que o percentual de pessoas que afirmaram confiar na presidente se elevou de 68% para 72%. Já a parcela que considera a gestão ótima ou boa manteve-se estável em 56%.

Embora não se tenha nada, ou quase nada que justifique tal quadro percentual favorável. Até porque não se avançou um milímetro nas reformas estruturais, nem se tem – do ponto de vista administrativo – planejamento algum. A presidente comete os mesmos pecados do seu antecessor, e este, pelo seu turno, repetiu os de quem lhe transmitiu a faixa presidencial. Por isso, estranhamente, ainda se tem o improviso como instrumento estratégico no exercício de governar.

A improvisação, contudo, inibe a ousadia, e a ausência desta dificulta o alcançar da excelência. Esta se vê bem mais distante em função das escolhas que se faz para compor o ministério. Pois as indicações são sempre feitas por força do compadrio, da aproximação com a chefa ou com o chefe político-partidário, bem como para atrair partido e/ou congressistas, cujas adesões facilitam as coisas do governo no Legislativo federal. Assim, raramente as ditas escolhas se dão pela capacidade técnica e pela habilidade política do indicado.

Daí a situação complicada da administração pública, em particular nas áreas de saúde, educação e segurança públicas. Agravada pelos rastros da corrupção. Aliás, em menos de um ano, a presidente foi obrigada a substituir sete ministros, seis deles por envolvimento em práticas não republicanas. Substituições que se deve às fortes denúncias, e às pressões oriundas destas, jamais pela faxina que se procurou vender para a população.

Além disso, a inflação voltou a causar medo. No exato instante em que a indústria nacional passa por uma fase ruim e a agricultura, uma vez mais, sente necessidade de política agrícola.

Estampa fotográfica que destoa da imagem desenhada pelos índices percentuais registrados pela referida pesquisa. Mais ainda dos índices de aprovação pessoal da presidente. Aprovação que se deve tão somente a estabilidade da economia, e em razão do poder de compra do brasileiro. O que é uma pena!

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.      



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