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Quinta - 29 de Março de 2012 às 05:41
Por: Lourembergue Alves

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Falta muito para o início da campanha político-eleitoral. Isso significa que toda propaganda a favor de quem quer que seja agora é proibida. Ainda que por via horário do partido político. A regra é clara nesse sentido. Inexiste meio termo. Mas, contraditoriamente, existe o “jeitinho”, e com o qual os postulantes ludibriam a justiça e atropelam a legislação. Daí a participação da mídia, sem esta, aliás, não haveria desrespeito.

Entende-se, então, o porquê, volta e meia, os tais postulantes aparecem nas páginas de jornal, nos espaços de sites e blogs, bem como em programas radiofônicos e televisivos. Na maioria das vezes, sem qualquer razão efetiva ou aparente. A não ser para deixar em evidência um ou outro político.

Artimanha que se soma aos depoimentos com caras de denúncias. Mesmo que desprovidas de argumentação e/ou de provas suficientes. Sempre contra quem está na chefia da administração pública. Tática que surte o efeito desejado. Bem mais quando o gestor “agredido”, mal assessorado, reage e contra-ataca. Esta reação, dificilmente, atinge a contento o político “agressor” que, por “não ter telhado de vidro”, ganha com um tempo maior de exposição. Exposição que lhe facilita “vender” a imagem de defensor dos interesses da população. Ainda que falsa.

Outra jogada bastante utilizada é a de empurrar para uma data posterior, a exemplo do mês de abril, a decisão de ser ou não postulante a prefeito. A especulação em torno dessa “decisão” rende dividendos eleitorais significativos. “Se tiver sorte”, os veículos de comunicação contribuem, e muito nesse sentido, uma vez que eles alimentam uma série de questionamentos a respeito – aumentando a visibilidade do dito cujo.

O “estar na mídia” é o mesmo que “estar na vitrine”. Importante nessa fase do ano eleitoral. Assim como seria, e é a repetição da inserção, na mídia, de um determinado objeto à venda. Acaba por convencer muita gente a comprá-lo. Mesmo que o dito objeto não tenha conteúdo algum. Daí a relevância do marketing. Inclusive em uma eleição. Pois faz o eleitor “comprar gato por lebre”.

Aliás, têm muitos candidatos que passam por coisa que não são. Fantasiam-se de alguém novo, moderno, jovem, empresário de sucesso e de político não tradicional. Ainda que tenham saídos da antiga escola, cujos mestres são os mesmos que hoje, curiosamente, eles atacam e criticam.

Isso passa despercebido da maioria do eleitorado. O que explica, em parte, o sucesso de alguns desses candidatos. A ponto, por exemplo, de obterem votações expressivas em seguidas disputas. Ainda que se recolham no silêncio da casa e nos negócios da empresa, tão logo terminam a apuração dos votos, e só reaparecem tempos depois, para a próxima eleição.

Explica-se, portanto, o fim do debate, das discussões. Pois vale, bem mais, a embalagem, não o conteúdo ou o discurso. Daí o uso do “jeitinho” para fugir-se das regras, das normas. Sempre com a ajuda do marketing e dos espaços privilegiados da mídia, dos sites e dos blogs. Ainda que lhes faltem conteúdos.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br    



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