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Segunda - 19 de Março de 2012 às 04:52
Por: WILSON CARLOS FUÁ

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WILSON CARLOS FUÁ é economista, especialista em Administração Financeira e Recursos Humanos
WILSON CARLOS FUÁ é economista, especialista em Administração Financeira e Recursos Humanos

Um grande líder político, diante da sua forma falaciosa, articulada e inteligente, tinha que manter sempre a imagem de honestidade e respeitabilidade diante do povo. E muitas vezes os segredos de gabinete, em nome da imagem, ficam em baixo dos tapetes. A liberdade nunca é plena, esquecem todos os itens do juramento ao assumir um cargo público. O político investido no cargo público, nunca pode fazer tudo o que quer, a lei o proíbe. Logo, o agente público só pode fazer aquilo que está autorizado em Lei, àquele que prega uma liberdade total das ações, falta com a verdade.

Contam-se histórias não registradas da vida política que por séculos e séculos, que ficaram perdidas no tempo. Um incerto dia, o Poder Central do Estado, recebeu uma denúncia sobre um dos seus Secretários. E a denúncia dizia que esse Secretário, agia de modo muito estranho, e tudo levava a crer que ele guardava alguma coisa muito valiosa dentro de um armário em seu gabinete.

O denunciante relatou que sempre ao aproximar desse armário,
era imediatamente impedido de limpá-lo ou abri-lo. Diante dos fatos e atos, esse Auxiliar procurou o grande líder político e lhe disse: o seu melhor Secretário está desviando uma soma muito grande de recurso público, e ele esconde essa fortuna dentro de um armário na sua sala.

Esta denúncia é muito grave, disse o Poder Central do Estado.

Isso pode ser caracterizado, pelo fato de não deixar ninguém chegar perto desse armário encantado, tanto que as chaves ficam em seus bolsos, e ele só abre quando não há ninguém nas proximidades.

Eu acho que tudo que ele está “nhapano” esconde dentro do armário.

Diante da desconfiança do Auxiliar, logo no dia seguinte, o Poder Central, fez uma visita inesperada, disse ao Secretário: o que tem ai dentro desse armário?

- O Secretário diz: são pastas suspensas, ofícios e memorandos. Coisa sem relevância.

Então me dê às chaves.

Com muito medo e com as mãos trêmulas, lágrimas nos olhos, o Secretário obedeceu e passa as chaves ao Poder Central do Estado. Ao cair da noite, o grande líder político, determina ao Auxiliar de confiança, que arremesse armário no fundo no fundo do Lago; e que jamais alguém possa saber o que havia ali dentro, e isso foi cumprido.

Fica a grande interrogação: ou ele tinha medo de perder o amigo de confiança ou tinha segredos que esse Secretário sabia?

O que esse ato representará para o Secretário?

O problema é a culpa que ficará para o resto da vida no íntimo do Secretário. A culpa que ele irá carregar, vai destruí-lo e enfraquecê-lo emocionalmente; a ação mais correta seria reconhecer seu erro, enfrentar o problema.

É lógico que diante dos fatos, mesmo que o Secretário se isole, se afaste, viaje, não vai adiantar nada. O problema está com ele, na sua mente e segue com ele por onde ele for. E a culpa irá atormentá-lo dia e noite por ter sido uma pessoa covarde. E ao contrário, admitindo a culpa, resolve-se o problema, e não prejudica o governo como um todo.

O Poder Central, mesmo diante da autoridade de poder saber os segredos do Secretário, preferiu simplesmente abduzir a razão da responsabilidade de afastar o secretário ou esconder os segredos daquele armário para o resto da vida.

O homem público tem a responsabilidade em administrar com base em recebimento dos sinais diários que define os rumos para o engrandecimento da sua gestão, embora haja tamanha dificuldade em filtrá-los, muita vezes esses dirigentes acham que é melhor deixar passar 10 verdades, e aceitar facilmente 01 mentira.

Mesmo diante da sua grande autoridade, o agente público pode fazer o que quiser, mas se escolher a ação errada será torturado pelo resto da sua vida. Acho que é sempre melhor chorar por uma verdade, do que passar a vida alegre na incerteza.

Que comportamento nobre é esse, que tribunal íntimo é esse que condena sem razão?

Será que foi sábia sua decisão, pois, provou que tinha respeito pela privacidade do seu Secretário, apesar de que não foi honesta e preferiu agir assim?

Ao contrario de tudo, ele poderia se aborrecer com que iria encontrar, e em fúria, hostilizaria seu secretário de forma agressiva e com isso sua dignidade e a razão iria para o espaço, por que naquele armário poderia estar também muito segredo indesejável e que poderia desmascarar suas falcatruas ou simplesmente em nome da lealdade tomou uma decisão de permanecer com uma amizade duvidosa, será?

No mundo dos ordenamentos das ações públicas, existe um instrumento mágico: Inquérito.

É preciso que um inquérito seja concluído para dar o discernimento sobre o que enfrentar e o que afastar. Do contrário, acabamos evitando enfrentamentos fundamentais ao nosso crescimento moral e ético.

Mas não acreditamos que afastando nossos problemas de nós mesmo, possamos conseguimos resolvê-los. É desvendando nossos enigmas que derrubamos nossas barreiras.

Muitos pensam que de fato, existem certas coisas que, possam ser resolvidas pela esperteza das experiências políticas, evitando-se que se perpetue um erro pessoal danoso, que contamina toda uma equipe de governo. Geralmente pensam que é melhor simplesmente afastá-las das suas vidas, guardando os “maus feitos” nas profundezas das águas do Lago.

É importante perdoarmos as pessoas, pois nem sempre àquilo que nos prejudicou foi feito por mal. Mas, o perdão não deve ser usado em toda e qualquer situação.

Usando-o em demasia faz com que nos tornemos pessoas fracas e permissivas, e com que fiquemos cercados de pessoas que nos farão sempre o mal. Devemos deixar clara nossa insatisfação com alguma situação por pelo menos um tempo, para que isso não volte a acontecer. Desta forma, creio que o princípio geral deve ser de perdoarmos as coisas que nos prejudicam muito pouco, mas como administrador público deve resistir ao perdão em situações mais graves, como: na prática um ato indigno e lesivo ao erário público, constituindo como uma forma de traição a confiança recebida.

E, traição não tem perdão, se bem que nos meios políticos, é regra proceder-se ao contrário: inimigos de ontem, conversações hoje e aliados amanhã.

Portanto, talvez seja por isso que muitas vezes aquelas verdades absolutas que defendemos a olhos nus, na sua essência, não passam de um desses terríveis enganos que se escondem na ignorância de nossos arroubos e que nos leva a ir do céu ao inferno numa fração de segundos, são coisas da política.

Perdoar é um estado de elevação moral e espiritual que muitas vezes por emoções, faz-nos transcender além da vingança ou da justiça.
Postado por Wilson Carlos Fuá às 17:46 0 comentários Enviar por e-mailBlogThis!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar no Orkut
Os legisladores que não legislam

Nos dias idos de aproximadamente dois séculos atrás numa localidade bem próxima de Cuiabá, havia um dono de Engenho de Cana de Açúcar, (Sr. Guimarães) que julgava, condenava e ouvia as partes, e a condenação ou absolvição era decidida no Tribunal do Júri, da sala da Casa Grande, esse Júri era composto por uma pessoa só, o próprio dono do Engenho, a decisão era sumária e a pena era máxima para os acusados de serem ladrões: A MORTE.

E num desses julgamentos, o empregado “Dito Tá Entendendo” sabendo que iria morrer, pediu ao Patrão que lhe proporcionasse Clemência após ouvi-lo.

O condenado propôs ao patrão, que ele trocaria a sua liberdade, para ensiná-lo uma técnica que ele mesmo desenvolveu, que seria fazer Caititu voar, e que se ele perdoasse os seus erros, ele iria fazer essa demonstração. Mas como o patrão sabia que era impossível, lhe disse:

- faça o caititu voar que eu não lhe mato.
Como o condenado “Dito Tá Entendendo” era muito esperto e digoreste, disse ao Patrão, o senhor terá que me libertar para que eu possa treinar o Caititu e dentro de um ano eu faço a demonstração.

O Patrão acreditando e ao mesmo tempo não acreditando, concedeu a sua liberdade provisória.
( historicamente dois séculos atrás foi concedido o primeiro Habeas Corpus em Mato Grosso).

Os amigos surpresos com a sua liberdade provisória lhes disseram:
- Você é louco Dito, o Caititu não vai voar, ele vai ficar com muita raiva e vai lhe matar.

O Dito Tá Entendendo, como enxergava muito longe, explicou aos amigos que com essa liberdade provisória ele levaria as seguintes vantagens:
1 – Prorroguei meu prazo de vida por mais um ano, minha morte já estava decretada;
2 – Por um ano, pelo menos estarei livre para enganar mais pessoas;
3 - Por um ano estarei gozando do conforto da liberdade;
4 – E, o melhor de tudo isso, é que posso prorrogar por anos sucessivos, até o Patrão caducar ou morrer esperando a Caititu voar.

Atualmente o plenário do Congresso e das Assembléias estão vazios, tudo é resolvido nas comissões, hoje o placar das aprovações dos projetos de leis, no ano de 2011 teve os seguintes dados: 80% projetos de origens do executivo e 20% de origem dos parlamentares. O legislador deixou de legislar e para tentar ser Executivo, correndo atrás de Emendas Parlamentares para serem aprovadas e depois correndo atrás delas para serem empenhadas e depois correndo atrás das licitações e formalizações dos contratos com as empreiteiras em seus estados, resultado: plenários estão vazios.

Quando há essa vagância de iniciativa dos legisladores, logo o executivo se apropria do espaço, com Medidas Provisórias e Projetos de origens do próprio executivo. O próprio Supremo Tribunal Federal começa também a ocupar os espaços da vagância dos legisladores, fazendo julgamento de leis, as vezes mal redigida e mal formulada, e em muitos casos a decisão é por ausência de ordenamento jurídico.

O pior dispositivo criado nos últimos tempos pelo executivo é a bendita Emenda Parlamentar, é uma maneira descarada de se comprar o legislativo, é uma maneira deslavada do Poder Legislativo, deixar de ser poder, para ser humilhado, desacreditado e submetido a vontade do mando do Poder Executivo, que sobrepõe perante os Deputados. A coisa é tão boa que já foi copiada e estendida aos Estados e Municípios.

Quem não se lembra do Mensalão?

O PT como não tinha o traquejo de cooptar os Deputados, levou para dentro do congresso, o seu Tesoureiro e o seu Presidente, e passou a usar as Emenda Parlamentares, como moeda de troca, de uma forma indireta impuseram o poder disfarçado com o nome da famosa “Governabilidade”, conforme o que foi divulgado pelos meios de comunicação, cada Deputado que fazia parte do elenco da “Governabilidade”, além das Emendas Parlamentares alguns Deputados passaram a receber R$ 30.000,00 moedas mês, e o Congresso Nacional transformou num balcão de negócio.

Para saber como anda a apuração do “Mensalão, lhes informo que: O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa, concluiu seu relatório sobre o “mensalão”, onde 40 (quarenta) pessoas são acusadas de receber e pagar propinas para deputados federais para que em troca, fossem aprovadas todas as propostas enviadas pelo ex-presidente Lula ao Congresso Nacional.Toda a trama foi denunciada pelo ex-deputado Roberto Jefferson, do PTB, em 2005. E o que ficou como verdade única era que Lula de nada sabia!

Foram grandes custos e grandes prejuízos para o país, com implantação de CPI, convocação de Polícia Federal nas investigações, além do TCU e AGU com infindáveis relatórios. Ficou provado que as propinas saíram dos recursos das verbas de publicidade, os autores e os atores de toda essa trama teatral, são sabidamente conhecidos, eles fazem parte das 50 mil páginas do processo enviado ao STF, e o ministro Joaquim Barbosa conclui o seu relatório final com 122 páginas.

Agora talvez em 2012, o ministro revisor e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Ricardo Lewandowski, irá ler também as 50 mil páginas do processo, para, dessa forma, dar seu voto.

Essa trama vergonhosa, que patrocinou o maior desvio de recurso público da história do país, se fosse uma peça teatral poderia ser nominada de: O MENSALÃO FINANCIANDO A GOVERNABILIDADE.

O enredo da peça, é um Relatório de 122 páginas, que o Ministro Joaquim Barbosa transformou em uma síntese do rumoroso caso, e com base na denúncia do Ministério Público Federal, que posteriormente foi transformada do inquérito para ação penal em agosto de 2007, constituída das acusações atribuídas a cada um dos denunciados. Desde então, os 40 réus se tornaram 38: o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira fez um acordo com o Ministério Público Federal para suspensão do processo contra ele e o ex-deputado José Janene morreu.

E até hoje, de posse dos seus Habeas Corpus e de Recurso em Recurso ao STF, os interessados fazem com que os processos fiquem dormindo nas prateleiras dos Tribunais até o seu esquecimento definitivo ou a sua caduquice.

De 2005 até 2012, ninguém foi parar na cadeia e os recursos não voltaram para os cofres públicos, deram um tempo ao “Mensalão”, mas as Emendas Parlamentares e as Verbas Indenizatórias continuam a todo vapor em nome da Governabilidade.

A maioria dos políticos ainda não entendeu que ao ser eleito faz um pacto espiritual de grande responsabilidade em relação à regra universal, são princípios contidos em leis imutáveis que impõe a todos aqueles que tiram aquilo que é do povo, e o que não lhe pertence, irá acumular dívidas para as próximas vidas. Às vezes os políticos acumularam coisas negativas e pagam ainda nesta existência. As ações desonestas vêm precedidas de fatos que não se encerrarem por si mesmo.

(*) WILSON CARLOS FUÁ é economista, especialista em Administração Financeira e Recursos Humanos. E-mail: fuacba@hotmail.com



 



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