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Domingo - 11 de Março de 2012 às 11:14
Por: Lourembergue Alves

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Integrantes do partido político “A” agendam o dia da discussão interna sobre a eleição deste ano, já os do “B” encontram-se reunidos para definir se vão ou não lançar candidatura própria, enquanto os do “C” e do “D” se preparam para ressuscitar a antiga coligação, com a qual disputaram a eleição passada. Notícias que pautam as redações dos jornais, preenchem os espaços dos blogs e sites e são manchetes de programas radiofônicos e televisivos. Tem-se a impressão que não existe outra coisa noticiosa. Talvez não se tenha mesmo. O triste disto tudo, no entanto, é perceber que político algum se interessa pelos problemas do lugar onde diz pertencer, nem demonstra curiosidade em conhecê-los, ainda que diga o contrário. O que explica a falta de estudos a respeito pelas agremiações partidárias.

Há de se lamentar. Mais ainda quando se acredita que as siglas deveriam ser o foro permanente dos debates. Pois são elas as mediadoras das discussões, intermediadoras entre governantes e governados, ao mesmo tempo em que deveriam provocar e convidar a sociedade para discutir as questões cotidianas.

O não fazer nada disso. Tornam vazias suas existências. Pois até a condição de trampolim – uma vez que ninguém pode ser candidato sem estar filiado - aparece como algo superficial, desnecessário. Sobretudo no atual cenário vivido, com as deficiências na saúde, educação e segurança públicas.

Cenário caótico. Não apenas do ponto de vista local, mas também regional e nacional. Pois o todo, neste caso, dificilmente está dissociado do município, e a situação desconfortável deste, na maioria das vezes, deixa sem brilho o retrato estadual. Retrato desfigurado porque o governador não repassou às localidades o que a Constituição Federal lhe obriga a fazê-lo. Repassa sempre à menor, enquanto parte do que vem da União é desviada para outro fim - serve até para alimentar caixa de campanha, menos para aquele propósito em que a verba foi verdadeiramente criada.

Os parlamentares regionais, estranhamente, se fazem de cegos e surdos. Novamente se tem a cantilena do “nada saber”, “nada ver” – popularizada pela voz de um presidente, que destoava do som republicano. Este, infelizmente, não tem eco nos corredores, nem no plenário da Casa Legislativa. Ainda que se possa ouvir, ao longe, o balbuciar desarmônico de um ou outro “caititu”. Porém, o barulho que predomina mesmo é o das cartas marcadas. São destas a vibração que se propaga nas salas de encontros entre os que têm como tarefa o fiscalizar e o executor das ações que deveriam ser observadas e analisadas.

A despeito disso, no entanto, cada político se acha no direito de intitular a si próprio como defensor da moralidade, no exato instante em que incorpora a personagem de tribuno da plebe, e, assim, recorre até ao Judiciário para fazer barulho na mídia. Particularmente em ano eleitoral. Ainda que sua sigla, sequer, tenha estudo a respeito dos problemas cotidianos da sociedade. Não tem, em igual proporção que não estão nem aí para esses problemas.

Justifica-se, então, o porquê as lideranças estão apenas interessadas em discutir nomes, acordos e casamentos políticos. Jamais preocupadas em encontrar soluções para os inúmeros problemas que afligem a população e o lugar que pretendem “representar”. Fim da picada, e início do picadeiro. “Durma com um barulho desses”!

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.



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