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Quarta - 01 de Fevereiro de 2012 às 22:34
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

O desabamento dos prédios no centro do Rio de Janeiro acende uma luz amarela de aviso para o Brasil inteiro: edifícios não são eternos. Pirâmides podem ter 4 mil anos; foram feitas com pedras empilhadas para abrigar para sempre sarcófagos dos faraós que partiram para a eternidade. Construções de concreto podem durar muito, mas precisam ser bem tratadas. No Rio, desabou o viaduto Paulo de Frontin. No rio Jacuí, ano passado, desabou uma ponte. Prédios desabam quando são mal construídos, ou o material é ruim(lembram do Palace II, na Barra da Tijuca?), ou foram construídos em locais perigosos.

Basta olhar a foto do edifício Liberdade, de 20 andares, que ruiu e derrubou dois vizinhos, para sentir que ele não foi feito - nem calculado - para sustentar tanto peso. As varandas foram fechadas com vidro, as mãos francesas foram retiradas e perdeu-se a solidez. E o endereço era invejável, pertinho da Cinelândia. Nos anos quarenta, havia o peso das máquinas de escrever, dos arquivos de aço, de muito papel. Teoricamente os computadores de hoje reduzem o peso. Mas não se previa tanta gente, inclusive tendo aulas.

Somem-se a isso mudanças nos últimos andares, que eram escalados, numa espécie de pirâmide e se tornaram maciços e mais pesados, mais reformas que retiraram paredes que, mesmo não fazendo parte da estrutura, agiam como uma colméia, que dava sustentação à sobrecarga. Abriram-se buracos num lado, para instalar janelas em escritórios e clínicas - e o resultado foi que bastaria um espirro para pôr tudo abaixo.

Uma luz amarela está acesa. Prédios malcuidados são perigosos. Nossa mania amadorística e nossa criatividade podem derrubar edifícios. Chamem os profissionais! Não se pode fazer uma reforma sem um engenheiro. Nos condomínios, a responsabilidade do síndico é pesada. Ele é o representante dos condôminos, mas também é um agente da lei, da fiscalização, da prefeitura. O que se passar com o prédio, na estrutura, na água e energia, está na esfera de suas responsabilidades.

Quando se erguia o primeiro prédio mais alto de Cachoeira do Sul - oito andares - , em meados dos anos 50, meu avô olhava as obras e me dizia: "Quando será que vai cair?" Curioso, perguntei a razão da dúvida. "É que edifícios não duram para sempre. Um dia vai cair. A questão é saber quando." O edifício Woolworth, de 57 andares, que já foi o mais alto arranha-céu do mundo, está firme e forte e ano que vem completa 100 anos, em Nova Iorque. A uma quadra dele, o monumental World Trade Center entrou em colapso com o choque de dois aviões contra o topo das torres gêmeas.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília



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