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Quarta - 18 de Janeiro de 2012 às 11:04
Por: Lourembergue Alves

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Outro dia, um brasileiro, que também se encontrava em uma das estações européias de metrô, fez a seguinte indagação: “qual é o melhor nome para administrar Cuiabá?” A mesma questão que, por certo, se repete nos botequins e logradouros da Capital mato-grossense. Pergunta, igualmente, temática das conversas entre as lideranças políticas locais. Por causa disso, norteadora das pautas dos veículos de comunicação. Estes não falam em outra coisa, senão em “sicrano”, “beltrano” e em “fulano” – quando, na verdade, deveriam discutir o melhor projeto de governo para a cidade.

Isso reforça o caráter personalizado das eleições, além de realçar a pobreza dos debates políticos, se é que existe algum, e tal pobreza reafirma a ausência de agenda das agremiações partidárias. Ausência que se soma a outra falta, a de estudos sobre os problemas que afligem a população e o maior pólo do Estado. O que se agrava mais ainda com a inexistência de cuidados dos estudiosos e analistas políticos, os quais, na sua maioria, parece preocupado em não desagradar determinados caciques. Embora, curiosamente, chega a se estranhar quando determinadas manchetes privilegiam determinados atores com cargos, e não destina o mesmo espaço para divulgar supostos acertos de outrem, que estão na sua lista de preferências, nem os erros daqueles.

Quadro revelador. Revela as contradições postas. Contradições que, porém, oxigenam a disputa eleitoral. Mais pela inexistência de idéias, do discurso. Talvez seja por isso que se tem a figura do “político temporão” – aquele que somente aparece em época das disputas, ou no momento do pensar a respeito do posicionamento das peças no tablado da política. Aí o dito cujo ressurge, sem dar explicação do seu sumiço desde a última eleição.

Ressurgimento que enriquece a mediocridade. Pois nem ele, tampouco os outros se consolidam em razão dos programas defendidos. Programas que também não existem nos partidos políticos. Até porque estes há muito, perderam seus reais papéis, uma vez que não são mais – e jamais tenham sido – foros permanentes de discussões. Daí seus fortalecimentos como uma espécie de feudos, e transformados, na eleição, como trampolins.

Percebe-se, então, um jogo de interesses. Neste, infelizmente, no entanto, as únicas vontades não levadas em consideração mesmo são as da cidade e de seus habitantes.

Por isso, e não sem razão, cidade e munícipe não se comunicam. Nem deveriam. Pois não se tem os pontos de referência necessários, muito menos os traços urbanísticos e arquitetônicos antigos, que serviam igualmente de referenciais. O que explica o sumiço das sinalizações, das placas e da presença efetiva do legislador e do chefe do Executivo municipais, exceto da “fulanização”.

Assim, a disputa eleitoral, uma vez mais, será em torno de nomes. O triste de tudo é saber que o eleitorado se mostra satisfeito com a tal personalização da política.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br 



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