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Segunda - 12 de Dezembro de 2011 às 11:35
Por: Lourembergue Alves

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Nos últimos três dias, o governo estadual se viu em uma situação bastante embaraçosa. Tudo por conta do Decreto 881/2011. E a situação só não ficou pior porque os questionamentos feitos se restringiram a ilegalidade do conteúdo do dito decreto, que determinava férias coletivas por 30 dias de cerca de 60 mil servidores. Férias que não foram discutidas com os funcionários. O que demonstra, infelizmente, a falta de diálogo no coração da administração pública regional. Isso é grave. Bem mais quando se percebe a razão que levou o governador a tomar aquela atitude.

Não se trata de uma atitude impensada. Faltou, isto sim, a adequada orientação político-jurídica. Ausência, entretanto, que não pode ser confundida com a atitude impensada. Pois esta logo seria descartada, uma vez que o chefe do Executivo reuniu com a sua equipe de trabalho, e, a partir de então, baixou o referido decreto.

Decreto esse que escancara de vez a sua verdadeira causa, ou melhor, o real quadro do Estado de Mato Grosso, a saber: desequilíbrio financeiro. Isso já de algum tempo. Desde a gestão passada. Esta, na verdade, sempre se valeu de paliativos para esconder a crise, que se viu agravada com equívocos administrativos, desorganização e os gastos com vistas às eleições de 2010. É, exatamente por conta disso, que se têm hoje dificuldades para quitar, inclusive, o 13º. salário dos servidores. Mesmo com a crescente receita. Insuficiente, contudo, para bancar desperdícios e outras coisas mais. Daí a tentativa de se “deslocar” o recurso do Fethab – que é uma espécie de “verba carimbada” - para a “folha de pagamento”.

Isso tudo, no entanto, foi ignorado pelos parlamentares estaduais. Nenhum deles, infelizmente, refletiu sobre a realidade financeira da administração pública estadual. Razão pela qual não se viu, em plenário, debate algum a respeito das finanças do Estado. Comportam todos, portanto, “como caititus” – conforme observou certa vez o representante do PPS na Casa Legislativa. Comportamento tão forte que ninguém ousa, da tribuna, tocar na questão dos “maquinários”, na “história dos precatórios”, ou solicitar a convocação de secretários para prestarem contas de uma série de desacertos. “Erros que se sucedem entra ano e sai ano”, no dizer de um dos muitos leitores desta coluna. Explica-se, então, a atual situação financeira do Estado, que tem como avalistas os chamados representantes da população, uma vez que estes negam em cumprir a mais importante de suas tarefas, a de fiscalizar. O que justifica o tratamento dado a certo secretário, recentemente solicitado para comparecer à Assembléia Legislativa. Nada lhe foi cobrado. Nem mesmo os gastos desnecessários da sua pasta, muito menos a suposta fraude na troca do BRT pelo VLT.

Silêncio que, vez ou outra, é quebrada longe dos holofotes. Logo, porém, o antigo cenário é restabelecido. As denúncias de defeitos – distintas do que sejam realmente críticas - podem até surgir, e, quando algumas delas surgem, vêm desconexas e desorganizadas. Próprias de parlamentar destituído de discurso, mas carente enormemente de palanque. Por isso, talvez, sua verborragia nada acrescenta, nem traz à mesa de discussão a situação difícil do atual governo. Tanto que o aumento da espessura da maquiagem não será mais capaz de esconder o desequilíbrio financeiro existente. A ponto, por exemplo, do peemedebista-governador ser o primeiro a atrasar o pagamento dos funcionários, depois de dezessete anos religiosamente em dia. O que é bastante triste. Sobretudo para quem acreditou em suas promessas de campanha.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.



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