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Segunda - 06 de Julho de 2015 às 00:20
Por: Lourembergue Alves

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Corre-se a notícia de que o vice-presidente Michel Temer (PMDB/SP) irá mesmo deixar a articulação política do governo. São muitos os boatos a respeito. Boatos, contudo, não são fatos. Veja, por exemplo, a especulação em torno da saída de José Eduardo Cardoso do Ministério da Justiça. Ele continua por lá, assim como se mantém firme o Temer naquele posto. Caso, porém, venha ocorrer o que se diz com relação ao peemedebista, a presidente Dilma Rousseff perderá a única oportunidade de reatar o diálogo com o Congresso Nacional. Embora se saiba da crescente rebeldia de parte do PMDB, e é esta, aliás, que dificulta as vitórias da petista tanto no Senado e na Câmara Federal. Bem mais nesta que naquela.

Entre o boato e a verdade, a certeza de fato é que o Michel Temer se apresenta como a única pessoa de dentro do governo capaz realmente de desempenhar bem o papel de articulador. Isto se deve a sua longa experiência como parlamentar, a sua habilidade de negociador e a sua enorme capacidade de influenciar a outrem. A saída dele do dito posto, contudo, pode complicar ainda mais a situação do governo. Acirrar a tensão. Uma tensão que a todo instante vem sendo exposta.

Por outro lado, o vice-presidente da república e até agora articulador, cabe lembrar, não tem o apoio de grande parte do PT. E é, segundo o noticiário, essa parte de petistas que "sabota" o vice-presidente de liberar as emendas e indicações para cargos. São estas, aliás, as moedas de trocas no Congresso Nacional, o qual oferece como contrapartida a aprovação de projetos do governo. Daí a pecha de que o Legislativo virou um balcão de negócios. Isto não é de hoje. Vem de bastante tempo. Mais ainda a partir do final da década de 1980, quando se estabeleceu na prática o fim da negociação e do diálogo. Reinam-se, então, as negociatas.


Entende-se, assim, o porquê o "sabotar" por parte dos petistas leva o Michel Temer a pensar em abandonar a função de articulador.

Acontece, porém, que é ele, o vice-presidente, único elo que resta entre Dilma Rousseff e o PMDB, bem como aos congressistas. Esta sua condição, no entanto, não impede as derrotas do governo, nem a rebeldia de muitos dos peemedebistas. Rebeldia peemedebista que, de fato, provoca as derrotas, e são estas que tornam mais frágil o governo, que se mostra incompetente em lidar com as adversidades no Parlamento.

Situação negativa que se torna perigosa para a presidente quando se identifica o seu distanciamento das coisas da população. Resulta-se daí, o descontentamento de parte dos brasileiros. Aliás, nestes dias, o IBOPE/CNI revelou que 68% dos brasileiros reprovam o governo, enquanto apenas 9% o consideram bom ou ótimo. Em março, tais índices eram de 64% e de 12%, respectivamente. Índices que revelam a falta de iniciativa do governo em debelar a crise. Crise por ele mesmo provocado, e não por causa da maré internacional. O que favorece a insatisfação peemedebista.


O PMDB, na verdade, joga com este momento de crise, com o fim de aumentar o seu próprio poder de barganha dentro cenário político-eleitoral.


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta. E-mail: lou.alves@uol.com.br

 



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