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Quarta - 23 de Novembro de 2011 às 15:59
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Democracia alguma sobreviveria sem os partidos políticos. Inexistem qualquer órgão ou entidade que possa substituí-los em um Estado democrático e de direito. Nem mesmo as categorias profissionais em uma disputa eleitoral, poderiam assumir suas funções. Sendo assim, a existência deles é algo imprescindível. Nenhuma sigla partidária, contudo, cumpre com seu real papel. Não as do Brasil.

Realidade doída. Sobretudo quando se percebe que a grande tarefa da agremiação política é a de servir a população como intermediária entre esta e o governante e o governado, somada a responsabilidade de provocar discussões sobre os mais variados temas com a sociedade. Estas duas atividades, tarefas e/ou responsabilidades, são ignoradas. Não deveriam. Mas são. Infelizmente também pelo político, que só tem o partido como trampolim. Daí a sua omissão, a qual contribui igualmente com o distanciamento, inclusive, dos jovens da política. Distanciamento que favorece aos maus representantes. Pois, estes, se vêem livres para agir, e agem como lhes provier – seguindo religiosamente a cartilha do “sempre levar vantagem em tudo”, à custa das tetas do Estado.

Tetas que são compartilhadas com compadrios, afilhados e apaniguados. Pessoas que lhes são importantes na campanha eleitoral. Inclusive por financiar-lhe a corrida ao cargo em disputa. Dinheiro que retorna – três ou mais vezes – ao doador. Isso em serviços, incentivos fiscais ou benefícios outros.

Existe, portanto, aqui, um enorme ciclo vicioso. Tamanho, e enraizado, que nem a adoção do financiamento público de campanha poderá expurgá-lo. Enganam-se os que pensam de modo diferente. Pois o caixa 2 sempre irá existir. Afinal, sempre também será “necessário” comprar votos, e fazer crescer a conta bancária pessoal, uma vez que inexistem projetos e programas, através dos quais pudessem convencer ou atrair o eleitorado.

Pior ainda, faltam idéias aos políticos. Isso porque eles não são muito dados a leitura – cuja ausência, além de denunciar a falta daquelas, também denuncia a inexistência de estudos dos partidos a respeito das realidades dos municípios, das regiões e da nação.

Explica-se, então, o porquê do ignorar as reais tarefas do partido político. Seus sites podem até contar com dezenas ou centenas de materiais para consultas. Porém, a imensa maioria dos próprios filiados, sequer, sabe do que tratam os ditos materiais. Desconhecimento que se estende a respeito do estatuto partidário. A ponto, por exemplo, de parlamentares jamais os terem lidos. Tal preguiça também é percebida entre os eleitos para o Executivo municipal, estadual e federal.

Diante disso, não seria absurdo se dizer que grande parte dos políticos é despreparada. Inclusive no que tange ao conhecimento sobre política. Erra por desconhecimento, sem perder de vista o proposital. Pois o interesse particular também se encontra em jogo. Embora este seja sempre escamoteado ou “vendido” como se fosse mesmo o interesse de toda a sociedade. Eis, aqui, o chamado “discurso ideológico”. Ainda que muitos dos representantes do povo não saibam o que significa, necessariamente, tais termos entre aspas. Por isso fogem da esgrima e do debate com populares.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br. 



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