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Sexta - 09 de Setembro de 2011 às 13:49
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

Semana passada, 265 representantes do povo julgaram que a deputada federal Jaqueline Roriz não cometeu falta alguma contra o decoro ao receber 50 mil reais de dinheiro clandestino para a campanha que a elegeu. Foram 265 representantes do povo que se aproveitaram do anonimato do voto secreto, tal como seus representados que escrevem na internet e atribuem seus textos a Luiz Fernando Veríssimo, Mário Prata, Millor Fernandes, Arnaldo Jabor e tantos outros, inclusive eu, por covardia de assinarem o próprio desonrado nome que seus pais lhe deram.

É incrível a safada incoerência. Os 265 defendem a tese de que se ela cometeu algum crime, foi fora do mandato; portanto, não tem que ser punida. A Lei da Ficha Limpa, que eles aprovaram para parecerem bons moços, é impedida de funcionar na prática, pois o objetivo da lei é impedir que tenham mandato os de passado sujo. A incoerência está em que o crime fora do mandato é motivo de absolvição. Mas agora ela é denunciada ao Supremo pelo Procurador-Geral pelo crime de peculato. Na Justiça, ela vai alegar agora que, tendo mandato, tem direito a foro privilegiado. Ou seja, em qualquer tempo o mandato é motivo para absolvê-la do crime: antes ou durante o mandato.

No domingo, João Ubaldo Ribeiro, em O Globo e O Estado de S.Paulo, encontrou uma explicação: Contudo, quando se descobre mais um caso de corrupção, a vida republicana fica bagunçada, as coisas não andam, perde-se trabalho em investigações, gasta-se tempo prendendo e soltando gente e a imprensa, que só serve para atrapalhar, fica cobrando explicações, embora já saibamos que explicações serão: primeiro desmentidos e em seguida promessas de pronta e cabal investigação, com a consequente punição dos culpados. Não acontece nada e perdura essa situação monótona, que às vezes paralisa o País.

Há quem pense que estamos numa epidemia de corrupção. Mas se estudarmos direitinho da História, vamos perceber que este país quase sempre foi assim. Ponho o desconto do quase. Ajude-me aí, caro leitor: responda, pensando bem, quando foi que tivemos Ordem e Progresso neste país? Faço a pergunta aproveitando o 7 de Setembro, que chama a atenção da gente para o que está escrito no centro do nosso símbolo. Sim, já tivemos. Sinal de que temos capacidade de ter Ordem e Progresso. Depende de nós, do nosso voto, da nossa ação.



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