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Sexta - 19 de Agosto de 2011 às 13:06
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

O mundo veio abaixo na área política quando apareceram fotos de presos por corrupção com algemas ou sem camisa, com números pendurados no peito. Os Irmãos Metralha usam esses números como uniforme habitual. O mundo real não veio abaixo. Ao contrário, pela voz das ruas, o ideal seria o pelourinho. Mas concordemos que o pelourinho é de outros tempos e hoje é só um lugar turístico da Bahia. Além disso, não se ouvem vozes indignadas como agora, quando aparecem nos jornais bandidos pés-de-chinelo algemados e numerados sem camisa-de-colarinho-branco.

Grita o Ministro da Justiça que vai responsabilizar o agente federal que aplicou algema no secretário-executivo do Ministério; grita a presidente, indignada; esbraveja o líder do PMDB que indicou a pessoa; reclama o ex-presidente de que "Pessoa que têm endereço fixo, RG e CPF seja presa como se fosse um bandido qualquer." Tem razão; não é um bandido qualquer, é mais do que isso. Desviar dinheiro dos nossos impostos, que depois vai faltar para a educação, saúde, segurança, estradas, deveria ser crime hediondo. Mas projetos-de-lei para considerar hediondo o crime de desviar dinheiro do povo dormitam nas gavetas dos que indicam essa gente ou temem um dia também ser algemados.

A Associação de Delegados da Polícia Federal alega que querem considerar a aplicação de algemas mais grave que desviar milhões do dinheiro do povo. Nota da Associação lamenta que os que se dizem estarrecidos pelo uso de algemas não fiquem estarrecidos com os desvios de bilhões do dinheiro do povo. O que tenho ouvido nas ruas é mais ou menos o que dizem os policiais, acrescentando, com desilusão, que algemas e fotos sem camisa talvez sejam as únicas penas que eles receberão, inclusive sem devolver o dinheiro.

Políticos e autoridades criticam não apenas a Polícia Federal; mas também o Ministério Público que pediu as prisões e o juiz que assinou os mandados, por "excessos". Pois o que há em excesso é corrupção e impunidade. A Polícia Civil do Amapá também está sob crítica, pela divulgação das fotos sem camisa, o que acontece normalmente com presos pés-de-chinelo. Afinal, diz a Constituição que todos são iguais perante a lei. Essa gente têm sorte de estar no Brasil, onde têm tantos defensores nas altas esferas. Se estivessem no Irã, poderiam não ter algemas, porque tampouco teriam mãos.



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