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Domingo - 24 de Julho de 2011 às 14:33
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
A mentira é uma arma importante no embate político-eleitoral. Bem mais que a verdade, a qual sempre é trocada por aquela, que se faz passar por algo verossímil. Isso depende tão somente da habilidade do jogador ou ator. Este, aliás, no dizer Arendt, não carece de ‘acomodação para aparecer no palco político‘, pois ‘tem a grande vantagem de estar sempre em meio a ele‘. Tanto que o discurso político é um jogo de máscaras. O que não significa que a verdade factual tenha desaparecido por completo, e, assim, negar todo noticiário a respeito de denúncias de corrupção dentro do governo.

As denúncias, nesse sentido, não devem ser desqualificadas. Interesse maior de quem se encontra na situação. Tese do governo Lula da Silva quando se viu quase levado pelas ondas do mensalão, ao mesmo tempo em que dizia ‘nada saber‘, quando toda a trama se desenrolava a partir da Casa Civil, e instigou os petistas a jogarem a culpa na imprensa. Esta, a partir de então, tida como ‘marrom‘ ou ‘sensacionalista‘.

Versão de autoria da imprensa mantida ainda hoje. Mesmo com os acusados considerados réus pelo STF. Isso não deixa de ser curioso. Mais e mais ao se perceber que qualquer denúncia que venha a surgir, novamente se retoma à velha tática, a de jogar a culpa nos meios de comunicação. Principalmente alguns deles (Veja, Folha de São Paulo, etc.,). Como se estes veículos não tivessem importância alguma na atual fase da democracia brasileira. Pois, afinal, são eles os responsáveis pela balbúrdia no Ministério dos Transportes.

Há de se ter paciência! Paciência, tolerância e respeito pelo que dizem, ainda que o façam sem fundamento algum. Pois é este o tripé de sustentação do viver democrático. Vida que requer o diálogo, sem, contudo, se ter que negociar o que publicar. Ainda mais quando se tratar de desvio de dinheiro público. Até porque o contribuinte necessita saber para onde está indo aquilo que ele deixa nas burras do governo, assim como igualmente carece de informações sobre os valores das obras públicas. Obras que têm os preços acrescidos vias ‘aditivos‘, ainda que malfeitas, e uma porção de gente - curiosamente ligada a tais obras - enriquecendo da noite para o dia.

É, aliás, sobre isso que se deve também debater. A exaustão, não confundi-lo com execração, nem no sentido de caça às bruxas. Sem que as sujeiras venham a escorregar para debaixo do tapete, só para evitar que alguém do partido ‘A‘ ou ‘B‘, ligado a região ‘C‘ ou ‘D‘ seja exposto.

Essa exposição já foi consentida por ele próprio. No exato instante em que se apresentou no cenário público e, livremente, passou a ocupar cargos públicos. Tornando-se, desse modo, um agente público, e, nessa condição - diz um dos princípios basilares da democracia -, suas ações devem ser realizadas às claras, para o conhecimento da população.

Ao povo, devem ser prestadas contas. Ninguém pode ser liberado de tal prestação, embora não seja punido pelos seus erros. Eis, aqui, um momento particular da imprensa, e fantástico para o brasileiro, que passa a ter ciência do que ocorre entre um gabinete e outro, em meio a projetos aprovados e propinas cobradas - semelhantes com que se presencia no Dnit. E não se trata de invenção da imprensa, uma vez que o TCU, há muito, já vem registrando irregularidades.

Irregularidades que, às vezes, são escamoteadas pela linguagem técnica. Mais ainda, no discurso político, norteado por véus que buscam dar a aparência de real o que nada tem a ver com a veracidade. Arapuca que deve ser evitada pelo analista, assim como também pelo (e) leitor.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br. 


URL Fonte: http://toquedealerta.com.br/artigo/544/visualizar/