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Quinta - 02 de Junho de 2011 às 20:43
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

É grande a importância de um partido político no jogo político-eleitoral. Bem mais para a democracia. Até mesmo pelo seu papel de também servir de intermediário entre os governantes e os governados. Isso obriga cada uma das siglas existentes sempre a ter como norte o seu programa, estatuto e as teses que defende. Tripé de realce da sua própria identidade. Tanto que é através desta RG partidária que se pode diferenciar uma agremiação da outra. Ainda que seja comum o enganar-se. Aliás, durante muito tempo se enganou com o PT, ou este enganou a todos. Pois vendia uma imagem completamente distinta da que se pode visualizar no atual álbum de fotografias político-partidário. Desgarrado das trincheiras da sociedade. Mais preso aos caprichos de determinados chefetes. Daí o pragmatismo exacerbado e o ostracismo como instrumento para afugentar os adversários.

Situações bastante presente nas táticas dos governos petistas. Sempre a esconderem os feitos das administrações Itamar Franco e FHC. Feitos que lhes garantiram passar incólume pela recente crise mundial. Apesar dos estragos por essa mesma crise na Europa e nos Estados Unidos.

Curiosamente, essas mesmas táticas são utilizadas igualmente nas brigas internas, entre um grupo e outro de petistas. Nenhuma querela é mais emblemática que a ocorrida em Mato Grosso, envolvendo a turma da professora Serys Marly e a do professor Carlos Abicalil. Antiga, porém mais aguda por ocasião das eleições de 2010, quando a senadora pleiteava candidatar-se à reeleição. Barrada que foi pelo então deputado federal, que também almejava disputar a senatória. Uma prévia - equivocadamente aceita pela professora - não diminuíram os ânimos. Ao contrário. Os reacenderam mais e mais. Pois Serys, de acordo com o noticiário, pedira votos para os adversários do seu colega de partido, e este, obviamente, quase não a mencionava como candidata à Câmara Federal.

Apurados os votos das urnas, contataram-se as derrotas de ambos. Restavam a eles, agora, recolherem os cacos, e, juntos, repensarem o partido no Estado. Tarefas dos verdadeiros líderes. Acontece, no entanto, o que se teve foi um prolongamento da luta interna, com a Comissão de Ética do PT a pedir a expulsão da Serys por ‘infidelidade partidária‘. Pedido que foi analisado pela Executiva Estadual (29), cuja maioria composta de gente do Carlos Abicalil. O resultado esperado, porém, foi substituído pela suspensão da ex-senadora por um ano. Penalidade que a retira do páreo de 2012, pela prefeitura de Cuiabá.

Embora haja uma porção de siglas querendo a professora em suas fileiras. Siglas que vão do PSOL até o PCdoB, passando pelo PMDB e PSD. Estes dois últimos carecem de nomes fortes na disputa de Capital mato-grossense - o maior colégio eleitoral do Estado.

Quadro elucidativo. Pois traz à luz a relevância de Serys para o cenário político-regional. ‘Bem maior‘, no dizer de um missivista, ‘que o próprio PT‘. Pois ela ‘tem um brilho próprio‘. Reconhecido, inclusive, pelos petistas históricos - atualmente sem voz e sem vez dentro da agremiação.

Diante disso, esta coluna se atreve a dizer que o melhor para a professora e ex-senadora seria a saída do partido, a despeito dos seus vinte anos de filiação. História partidária que, por si só, já faz da suspensão uma penalidade injusta, imerecida e relembra velhas práticas da antiguidade, onde o ostracismo era a arma utilizada contra os adversários. Nunca, no entanto, o diálogo e o entendimento - específicos dos tempos de hoje.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br



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