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Quinta - 12 de Maio de 2011 às 21:14
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Partido político algum representa toda a sociedade. Nem teria como, pois partido é parte, não o todo. Mesmo assim, no seu interior, se tem uniformidade. Ainda que cada uma delas tenha o seu coronel ou cacique, cujas vontades particulares tornam-se ideias norteadoras da agremiação, sempre surgiram e aparecerão vozes contrárias, com posicionamentos diferentes. Aliás, é nessa direção que se deve discutir a atual crise do PDT/MT.

Uma situação que não é nova. Antes desta, desentendimentos outros foram registrados. Até mesmo antes e depois do ingresso e da saída do ex-governador Dante de Oliveira da agremiação. Os chamados históricos, orientados pelo signo brizolista, não esconderam jamais suas convicções ou posicionamentos partidários, o que descontentam a ala que lhes contrapunha.

Na verdade, esses dois grupos sempre estiveram em brigas, as quais foram abafadas e quase nenhuma repercussão provocava em razão do próprio tamanho da dita sigla no Estado. Exceto a partir do instante em que os históricos - por desorganização e inabilidade - perderam sua chefia regional. Mário Márcio Torres se viu levado a ceder o posto de presidente, enquanto quem lhe era mais próximo teve que se contentar com o diretório da Capital. Assim mesmo em situações bastante desfavoráveis. Daí os rompantes e as querelas, que levaram muitas vezes à discussão sobre a legitimidade ou não de determinadas figuras à frente do diretório cuiabano, e até do estadual. O que enfraqueceu a todos, inclusive em seus pleitos por cargos, por exemplo, na administração tucana na Capital.

Por conta disso, nas eleições de 2010, parte do grupo não-histórico levou a sigla para o lado da candidatura socialista, em detrimento das vontades contrárias dos brizolistas que tendiam para o lado do peessedebista, o qual obteve votos preciosos deles. O grupo não-histórico, porém, ajudou a formar a Coligação PSB, PPS e PV. Coligação que teve papel importante na eleição de Pedro Taques para o Senado (PDT).

Eleito, Pedro Taques passou a ter uma força política fabulosa no partido. Reforçada pela desorganização do partido no interior, e pela desunião na Capital. Força política que o levou à presidência da Comissão Executiva Provisória, e, nessa condição, pode visualizar as deficiências do seu partido no interior. Deficiências que atrapalham, e muito, suas futuras pretensões e ambições políticas. Carecia, portanto, aglutinar, aumentar o número de diretórios e abrir o partido para novas adesões.

Porém, a falta de traquejo político do senador, somada ao seu pouco cuidado com o diálogo e a sua ineficiência no lidar com as divergências, levou-o a destituir o diretório municipal de Cuiabá, bem como a dissolução de todas as unidades nos demais municípios mato-grossenses.

Reacendeu, portanto, uma antiga briga. Históricos e não-históricos retomam seus postos na arena interna político-partidária. O vice-presidente do diretório da Capital atacou, e o faz com razão, pois inexiste motivo para a destituição de diretório algum.

No entanto, o vice-presidente saiu fora do embate das ideias, dos pontos de vistas - jurídicos ou não - quando, segundo os noticiários, trouxe para a arena a figura do funcionário fantasma na Assembléia Legislativa, personalizada na figura do secretário geral do partido. Perdeu o foco, o objeto da discussão. Comportamento imitado por seus opositores. A briga por posicionamentos dentro do PDT/MT, que prometia, passou a ser estimulada por uma única arma, a saber: a desqualificação da pessoa dos adversários. Infelizmente!

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br


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