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Quinta - 05 de Maio de 2011 às 19:52
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta
Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta

Este artigo tem como base uma matéria de revista semanal do Brasil sobre educação no Chile. O país sul-americano mais avançado em jovens no ensino médio, na universidade, em anos de estudo e patentes. O Brasil leva um baile enorme do vizinho.

Lá, algum tempo atrás, as escolas eram feias e esculhambadas, indisciplina, gangues, violência e nível educacional baixo. No inicio dos anos 1990 se criou um pacto nacional colocando a educação no topo das prioridades do país. Durante duas décadas, de forma ininterrupta e sem distinção ideológica, a educação ficou fora das brigas políticas.

Tomaram também outras medidas. Alunos em sala de aula por oito horas. Diretores capacitados, com concursos rígidos e plano de trabalho para assumir essa ou aquela escola. Os melhores professores ganham mais, é a meritocracia. Teve escola que chegou a mandar embora 70% de seus professores porque não estavam qualificados o suficiente.

Há uma escala para as escolas: ruins, emergentes e boas. As escolas piores ganham mais dinheiro se crescerem. Professores, diretores, alunos, todos são constantemente avaliados. Antes a educação recebia 2.5% do PIB, hoje são 6.5% (o do Brasil estacionou em 5% do PIB). Certas verbas daquele total do Chile somente são liberadas se a escola atingir “resultados concretos mensuráveis”. Mais meritocracia.

Há outro comparativo com a educação no Brasil que é muito citado. Na década de 1950, a renda per capita e o grau educacional do Brasil era bem maior do que o da Coreia do Sul. Vinte anos depois, na década de 1970, os números começam a empatar. Mais vinte anos, a Coreia já tinha uma renda per capita bem maior que a do Brasil e o grau de educação do povo dali era também maior.

Todas as análises chegaram à mesma conclusão: tudo aquilo aconteceu porque o país asiático, num pacto nacional, deu prioridade à educação.

No Brasil fala-se em escola integral em campanhas eleitorais e não se vai em frente. As escolas estão caindo aos pedaços. Os professores são intocáveis. Mandar alguém que não tem aptidão para ensinar embora é juridicamente impossível. Não há continuidade nas políticas educacionais. Não há um pacto nacional nesse sentido. Um governo entra e mata o que o outro estava fazendo.

Mato Grosso poderia pelo menos tentar alguma coisa diferente no setor educacional. Escolher algumas escolas a colocá-las em tempo integral. Dava-lhes metas educacionais a cumprir por ano. Se cumprissem, todos da escola receberiam, digamos, 15 salários num ano. Se a escola não conseguisse atingir as metas não recebia os salários extras e teria ajuda para melhorar para o próximo ano.

O governo Silval tem apoio político enorme. Tem chance histórica de criar algo novo no setor mais importante para o futuro deste estado e do país. Marcaria seu tempo de governo. Não creio que o sindicato dos professores iria contra uma medida daquelas.

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br; site: www.alfredomenezes.com


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