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Quarta - 27 de Abril de 2011 às 12:54
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos
Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos

As denúncias sobre os defeitos na recente duplicação do asfalto para a Chapada dos Guimarães pegou porque está perto da capital. Isso, porém, vem acontecendo há décadas no estado. Pessoas do interior reclamam muito de seguidos fatos desses.

Por que é um tabu citar o nome da empreiteira que fez o mau serviço? Tem que se apontar o dedo para quem do setor público negligenciou em sua função, mas em MT a tradição é esquecer quem fez o serviço. E, nas raras vezes que são citadas, é normal dizerem que vão fazer os reparos na obra que acabou de ser feita. É até uma agressão a gente.

Por que não se coloca o nome da empreiteira numa placa onde se faz o serviço? Tenho um amigo que diz que na placa deveria ter ainda os telefones e e-mails dos diretores da empresa. A mídia, ainda que seja o único aríete nesse assunto, tem um pouco de culpa também. Calma, tento explicar. No caso do asfalto de Chapada que está esfarinhando deveria ser buscado o que diz o contrato, o preço da obra, quem construiu, tempo que fez o serviço.

Se a compactação obedeceu aos ritos técnicos ou se a grossura do asfalto foi aquela especificada no contrato inicial. Ou ainda se a licitação previa um asfalto casca de ovo mesmo. Se verdade, alguém teria que ser responsabilizado também.

Não é somente em asfaltos que o serviço é ruim. Veja a maioria das escolas no estado. Como é que se constroem trecos daqueles para se colocar jovens para estudar?

Na Venezuela, Chile, Uruguai se constroem escolas de alta classe em bairros pobres. O estudante entra em outro mundo, tem orgulho dali. Sua autoestima cresce. No longínquo MT ainda aceitamos coisas que em outros lugares, inclusive do Brasil, não aceitam mais.

Você já entrou numa policlínica em bairro? Já entrou numa delegacia de polícia de cidade do interior? Tem lógica aquilo? E pode ter certeza que o dinheiro dava para fazer uma obra de qualidade. No meio do caminho acontecem coisas que todos sabem o que é e fica por isso mesmo.

Li que o Tribunal de Contas do Estado estaria montando mecanismos para detectar se uma obra foi ou não feita de acordo com o que se previa na concorrência. Se um dia o TCE conseguisse essa sofisticação seria o órgão mais aplaudido do estado, quiçá do Brasil.

Cada dia sou mais a favor do financiamento público de campanha. Quem sabe ajude a melhorar a qualidade dos serviços em obras públicas.

Mas a culpa maior por esse descalabro nas obras públicas é nossa, é da maioria do povo. Ainda aceitamos isso em Mato Grosso com enorme tranquilidade. Um dia muda.

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos. E-mail: pox@terra.com.br. Site: www.alfredomenezes.com


 


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