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Terça - 19 de Abril de 2011 às 12:24
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília e escreve às terças-feiras em A Gazeta
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília e escreve às terças-feiras em A Gazeta

O aeroporto de Goiânia foi eleito, em votação no site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o pior entre os grandes aeroportos do país. Os passageiros alegam que não há lugar para esperar sentado, tem goteira, falta ar condicionado, o estacionamento é insuficiente, faltam portões de embarque e está sempre superlotado. Como solução, a Infraero começou a erguer um puxadinho, que ficou no esqueleto metálico, com obra parada desde 2007, por causa de irregularidades. O nome do aeroporto é Santa Genoveva, a padroeira de Paris. Quando Átila e seus hunos iam invadir a cidade, ela contou a ele que grassava uma epidemia de cólera na cidade e Átila foi embora. Hoje, quem fica encolerizado é o passageiro que sofre nos aeroportos brasileiros.

O aeroporto de Goiânia é considerado alternativa para chegar a Brasília, na Copa de 2014. Mas assim como o Santa Genoveva, o de Brasília está com obras atrasadas. Sempre superlotado, filas imensas, sem lugares suficientes para acomodar passageiro sentado, lotado de lojas, muito barulho nos alto-falantes, constante troca de porta de embarque, uso de ônibus na pista de estacionamento, por falta de pontes de embarque.

Como estou sempre viajando em aviões, posso dar meu testemunho, falando apenas da viagem mais recente, sexta-feira à noite. Fiquei em pé das 18h30 às 21 horas. Voo atrasado e poltronas insuficientes nas salas de espera. Aviões também lotados. Na chegada no Santos Dumont, não havia táxi imediatamente. Mais 20 minutos de espera no calorão da noite carioca. Quando consegui entrar num táxi, ele não podia sair por causa do congestionamento. Comentei com o motorista que Copa, no Brasil, só por milagre. Ele me respondeu que todos os passageiros dizem o mesmo. No hotel, mostraram-me o recibo passado por um taxista a um estrangeiro: do Galeão a Ipanema, cobrara 214 reais pela corrida!

Semana passada, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do governo, publicou estudo mostrando que só os aeroportos do Galeão e de Curitiba estarão prontos para a Copa. O de Natal ainda nem teve licitação. Os de Confins (Belo Horizonte) e Porto Alegre, só em 2016. Os de Manaus, Brasília, Guarulhos (São Paulo), Fortaleza, Salvador, Campinas e Cuiabá, só em 2017. Até lá, a demanda já terá superado as avaliações de hoje. Depois da divulgação do estudo, o governo tentou explicar o inexplicável. E agora esperamos um milagre. País gigantesco, sem trem de passageiros, está condenado a isso.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília e escreve às terças-feiras em A Gazeta. E-mail: alexgar@terra.com.br


 


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