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Quarta - 06 de Abril de 2011 às 08:31
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília e escreve às terças-feiras em A Gazeta
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília e escreve às terças-feiras em A Gazeta

O presidente Barack Obama acaba de anunciar que vai concorrer à reeleição. Não foi em convenção Democrata, mas através de mensagens eletrônicas na internet. O autor desse feito é o mesmo que faz guerra contra a Líbia de outra forma inusitada: sem licença do Congresso. Em lugar de uma declaração de guerra, um discurso explicando que a guerra não é guerra, e sim uma ação para salvar os civis líbios. Segundo agências de notícias, ele teria mandado a CIA, que certamente já está na Líbia há décadas, entregar armas para os rebeldes e teria sugerido que a Otan fizesse isso também. O secretário-geral da Otan respondeu que não se trata de armar civis, mas de protegê-los. O pior é que a ação militar externa atingiu hospitais e já matou dezenas de civis e até atirou mísseis nos próprios rebeldes. Um improviso atrapalhado.

O discurso de Obama, explicando que a guerra não é guerra, para os desavisados parece um perfeito improviso. Não é. Ele lê tudo no teleprompter, aparelhinho que permite que nós, apresentadores de televisão, leiamos o que os editores escrevem. O discurso que ele pronunciou no Theatro Municipal, quando esteve no Rio de Janeiro, foi todo escrito. Eu estava distraído com as belezas do Peru, em férias, e só agora pude ler aquele discurso. "Décadas atrás, foi exatamente fora deste teatro, na Praça da Cinelândia, que o apelo por mudanças foi ouvido no Brasil. Estudantes e artistas e líderes políticos de todas as correntes, se reuniram com bandeiras e disseram: abaixo a ditadura, o povo no poder!", leu Barack Obama.

E continuou, se referindo à presidente: "Uma das jovens brasileiras no movimento daquela geração seguiria em frente para mudar para sempre a história deste país. Filha de um imigrante, sua participação no movimento levou à sua detenção e à sua prisão, à sua tortura nas mãos de seu próprio governo. Portanto ela sabe como é viver sem os direitos humanos mais básicos pelos quais tantos estão lutando hoje em dia".

Participaram da mesma luta o ex-deputado Fernando Gabeira e o ex-ministro Franklin Martins, por exemplo. Uma das armas que usaram foi o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick. Como consequência, até hoje estão impedidos de entrar nos Estados Unidos. Se integraram, como Dilma, uma luta pelo povo no poder, por direitos básicos, por que o presidente dos Estados Unidos elogia Dilma por isso e mantém a punição dos demais? É o inusitado de novo? Um paradoxo.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília e escreve às terças-feiras em A Gazeta. E-mail: alexgar@terra.com.br


 


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