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Terça - 15 de Março de 2011 às 13:55
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos
Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos

A historiadora francesa Armelle Enders publicou livro sobre a história do Rio de Janeiro. Ela é mais conhecida por outro livro sobre o Brasil nos séculos 19 e 20. No Rio se concentrava a política e a cultura da vida nacional. Algumas curiosidades e fatos históricos citados por ela.

O naturalista alemão Karl Von Martius publicou pela revista do Instituto Histórico Brasileiro, em 10 de Janeiro de 1843, em vinte páginas, a "teoria das três raças" ou que o país era o resultado do índio, negro e do branco. Mais de um século antes de Casa Grande e Senzala de Gilberto Freire.

Soldados que voltavam da operação de Canudos foram autorizados a morar no morro da Providência. Eles chamam ali de "favela". É o nome de uma planta "espinhosa típica do sertão árido", de onde eles tinham vindo na conquista de Canudos.

Não sabia que existem 107 designações de Nossa Senhora no Brasil. Dá para socorrer o país inteiro. Não sabia também que "ladino" era o escravo que falava português e "boçal" o que não falava.

Para a autora, a Lei Áurea só confirmou uma realidade em andamento. Os escravos já "se recusavam a ir para os campos e começavam a abandonar as fazendas". Contraria correntes historiográficas de que os escravos foram pacíficos.

O Rio de Janeiro nunca elegeu um presidente da República. O único dali que assumiu esse cargo foi Nilo Peçanha em 1909 por 17 meses após a morte de Afonso Pena. Mato Grosso, sem quase força política, elegeu dois presidentes, Jânio e Dutra. Presidência é destino, dizia o ACM, e não querer de alguém ou de um lugar.

Um nome negligenciado pela história no Brasil é o de Pedro Ernesto. Médico que se elege prefeito do Rio 1934, no governo Vargas. Fez da educação sua meta de trabalho. Apoia-se em Anísio Teixeira para promover educação de "massa, laica, gratuita e obrigatória". Queria as massas como ator central da vida nacional. Até a esquerda o ignora.

Vargas dará um golpe em 1937, acutilando a esquerda e o integralismo. Vargas, endeusado na política nacional, impede a ação educacional de Pedro Ernesto. Anos depois, Leonel Brizola com Darcy Ribeiro (ele trabalhou com Anísio Teixeira na fundação da UnB) tentam fazer com os Cieps aquilo que Pedro Ernesto tentara na década de 1930 no mesmo Rio de Janeiro.

Moreira Franco, eleito governador do Rio depois do Brizola, mata os Cieps. Dá ênfase a outro mote: o metrô. Brizola, de volta ao governo, em retaliação, interromperá essas obras e "deixará quilômetros de galerias inacabadas e estações inconclusas".

Pobre Rio de Janeiro. A política o fez por dois séculos, depois teve nela o seu mal maior. Se o Rio tivesse uma sequência na educação desde Pedro Ernesto talvez não tivesse chegado aos índices de criminalidade que chegou.

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos. E-mail: pox@terra.com.br. Site: www.alfredomenezes.com


 


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