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Quinta - 09 de Dezembro de 2010 às 18:51
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta
Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta

Esta coluna dizia que quem ganhasse a eleição teria que pisar no breque da economia. Que o atual governo acelerara o carro com a alegação de que assim fazia para ajudar a debelar a crise econômica que atingiu o mundo a partir de 2008. Ou porque havia interesse de aquecer a economia pensando na eleição deste ano. Ou ambas as coisas.

Lembro ainda de dois artigos em que dizia que o melhor seria a Dilma Rousseff ganhar. Se fosse o Serra ou a Marina logo viriam os comentários de que no governo Lula o Brasil ia de vento em popa e, ao assumir estranhos, já pisavam no breque. O Lula cresceria ainda mais no imaginário popular.

Ao dizer que, quem ganhasse teria que cortar gastos, esta coluna recebeu um monte de comentários. A maioria dizia que ajeitar as contas só favorecia aos mais ricos, os pobres sempre dançavam. É o inverso. Casa desarrumada, no longo prazo, afeta sempre os mais pobres.

Pois bem, o governo Dilma Rousseff irá mesmo pisar no breque. Guido Mantega, o mesmo que pisou no acelerador, já entrou em campo com medidas para desaquecer a economia.

No horizonte maior, como mostra o economista Waldir Serafim, Mantega sabe que a dívida pública é de R$ 1.890 trilhões. Sendo R$ 240 bilhões a externa e R$ 1.650 trilhões a interna. Ela aumentou em R$ 1 trilhão no governo Lula.

Alguns atos que serão tomados pelo ministro da Fazenda. Haverá corte linear de R$ 40 bilhões do orçamento da União. Até obras do PAC podem ser adiadas. Não haverá mais repasse do Tesouro Nacional para o BNDES que irrigou fartamente os cofres de empresas nacionais.

Serão retirados R$ 61 bilhões de circulação com o aumento do depósito compulsório dos bancos. O que vai encarecer os juros e afetar a compra a crédito. O consumo a crédito das classes C e D será afetado. As mesmas classes que ajudaram bastante na eleição de Dilma Rousseff.

O superávit primário deve voltar aos 3,3% do PIB. Com isso se retira quase R$ 44 bilhões de circulação.

O governo não quer ainda que se aprove a PEC-300 ou um piso salarial nacional para a polícia. Seria um gasto novo de R$ 46 bilhões por ano. Com o que aconteceu no Rio será um complicador político não aprovar o piso nacional. Não quer também que haja aumento maior do salário mínimo e nem para os aposentados que ganham mais de um salário mínimo. Nem o aumento de 56% para o Judiciário. Dilma Rousseff terá que gastar parte do seu capital político para contornar esses assuntos.

O governo está absolutamente correto com as medidas tomadas ou gestadas. Mas o que encabula é que o assunto mais importante do Brasil da atualidade não entrou na campanha presidencial. Somos uns bestas ou gostamos de ser enganados?

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com


 


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