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Terça - 30 de Novembro de 2010 às 15:24
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos.
Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos.

O grande gargalo do Brasil do futuro é o setor de transporte. Não é conversa mole para boi dormir, é fato, é real. Enquanto a China e a Índia investem mais de 7% ao ano do PIB nesse setor, o Brasil fica na média de 2,5% do PIB. Assim foi nos governos FHC e do Lula. Pelo que está no orçamento essa média histórica se manterá no próximo ano. É muito pouco para o tamanho da necessidade.

Para piorar, o exterior não se mostra disposto em investir em estradas no Brasil. Não acredito que norte-americanos invistam em estradas no Brasil. Vai ajudar um país que competiria com eles na venda de produtos do campo? A China investiria forte num país da área de influência dos EUA? Veja o trem-bala: somente um consórcio da Coréia se interessou.

Guido Mantega está falando em criar um fundo de longo prazo para usar todo o dinheiro para transporte. O incentivo seria menos impostos para quem, ao invés de aplicações no curto prazo, o faça em dez ou mais anos.

Tem um problema. Hoje, com a taxa Selic no alto, o curto prazo dá ganho de até 10% ao ano. No de longo prazo chegaria a uns 12%. Se o governo não abaixar os juros, teria que cortar gastos, fazendo o curto prazo não ser atrativo, não atrairia quase ninguém para os títulos de longo prazo.

O caso de MT é mais dramático ainda. Talvez, ao invés de ficarmos atirando para todos os lados, o mais inteligente fosse concentrar esforço e capital político em alternativas de transporte mais concretas, como as rodovias 163 e 158, mais a Hidrovia Paraguai-Paraná e a ferrovia até Rondonópolis. Temos poucos votos e ainda tem a questão do meio ambiente. O dinheiro é curto e tem lugares com mais poder de fogo que MT.

Hoje ainda temos competitividade na produção no campo por causa da alta produtividade. Mas, e se outros lugares, com mais alternativas de transportes, chegarem perto de nossa produtividade?

O Maranhão já produz quase dois mil quilos de soja por hectare. No Piauí chega 2.300 quilos, na Bahia está perto de três mil quilos. Em MT está acima de 3.300 quilos, quase a mesma cota do Paraná (este estado fala em chegar a quatro mil quilos por hectares brevemente).

Aqueles estados têm várias alternativas de transporte, incluindo marítimo, MT está longe de tudo. Se aumentarem a produtividade, poderíamos ficar para trás por causa, pela undécima vez, do fator transporte. Rezar ajuda, quem sabe.

É que o frete pode sufocar a economia local. Fica em 239 reais a tonelada de soja de Sorriso aos portos do litoral. No Paraná e RS entre 55 e 70 reais. Nos EUA é 31 reais e na Argentina 34 reais. A diferença é brutal.

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos. E-mail: pox@terra.com.br; site: www.alfredomenezes.com


 


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