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Quarta - 10 de Novembro de 2010 às 11:10
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

Você lembra de algum candidato às últimas eleições que tenha prometido aumentar os impostos? E lembra de algum candidato que tenha prometido reduzir a carga tributária? Pois tenho certeza de que a sua resposta para a primeira pergunta é não. E para a segunda é um sonoro sim. Todos prometeram baixar os impostos e nenhum prometeu elevar a carga tributária.

Nenhum candidato a deputado federal, nenhum candidato ao Senado, nenhum candidato a governador, nenhum candidato - ou candidata - à Presidência da República. Estamos pasmos porque, mal anunciaram os resultados da eleições, a presidente eleita já concorda com o presidente Lula de que falta dinheiro para a Saúde porque terminaram com a CPMF e logo um grupo de governadores recém-saídos da campanha faz coro a favor da ressurreição da famigerada contribuição. E legisladores não ficaram atrás, com Sarney à frente, a gritar um longa vida à CPMF.

O ex-ministro do Supremo, Paulo Brossard, em artigo no jornal Zero Hora, revoltou-se com a amostragem de duas caras - uma na campanha e outra no pós-eleição: "O hábito de apagar os compromissos pré-eleitorais como se eles nada valessem tem levado muitas pessoas a desacreditar em políticos e em suas promessas, embora sempre tenha me recusado a denominá-los políticos, porque mais não passam de politiqueiros, que podem ser hábeis em ganhar eleições, mas políticos não são e não merecem esse tratamento."

Em 2007, a renovação da CPMF não passou pelo Senado. O Quixote bem-sucedido na defesa dos contribuintes foi o então presidente da Fiesp, Paulo Skaff. Na época, o então presidente da Confederação da Indústria, deputado integrante da bancada do governo, ficou calado e, quando abriu a boca, foi para tentar justificar a fome do governo pela contribuição, que nada teve de provisória. Agora, livre de prestadores de serviço ao governo, a CNI tem um presidente que já botou a boca no mundo preventivamente.

Robson Braga de Andrade disse que a indústria já se mobiliza contra a intenção de impor mais um tributo à Nação exausta de tanto imposto. Vai ficar mal para os governos, porque o presidente da CNI pretende mostrar o que o governo faz com o que arrecada, como gasta e o quanto perde no meio do caminho. As empresas e as pessoas, quando precisam de dinheiro para uma prioridade, tratam de economizar ou produzir mais, ou rever a gestão de suas finanças. Os governos simplesmente exigem mais impostos. Os eleitos mostram que não respeitam os eleitores, tratando-os como se fossem destituídos de cérebro. É preciso mostrar a eles quem são os patrões, que os nomearam pelo voto e os sustentam com os impostos. Só que foram eleitos para administrar bem os impostos e prestarem bons serviços públicos. "Eu ganhei o cargo; agora me dá dinheiro" - não dá.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília



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