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Terça - 19 de Outubro de 2010 às 19:13
Por: Vivaldo Lopes

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Vivaldo Lopes é economista, consultor econômico licenciado da FGV e Secretário-Adjunto da Casa Civil de Mato Grosso
Vivaldo Lopes é economista, consultor econômico licenciado da FGV e Secretário-Adjunto da Casa Civil de Mato Grosso

A expansão econômica acelerada foi a principal marca da economia de Mato Grosso nas duas últimas décadas. Tendo a produção de bens primários (grãos, fibras, carnes e madeira) como a grande locomotiva produtiva, o Estado exibe crescimento em ritmo chinês. No período compreendido entre 1989 e 2009 o estado quintuplicou o seu Produto Interno Bruto, reduziu fortemente o percentual de sua população em situação de pobreza extrema e aumentou sua participação relativa no PIB nacional de 0,5% para 1,5%. Firmou-se como campeão nacional na produção de grãos, algodão e possui o maior rebanho bovino do país. Participamos com 5% de todas as exportações brasileiras e contribuimos com mais de trinta por cento do saldo da balança comercial do país.

Em duas décadas, saímos da condição de estado subdesenvolvido para o clube de economia emergente no cenário brasileiro. É, inquestionavelmente, um feito estratégico digno de comemoração por todos os mato-grossenses.

Todavia, se o objetivo é continuar crescendo com sustentabilidade ambiental e social, com melhoria da qualidade de vida da população, reduzindo desigualdades sociais e regionais, o caminho natural é avançar da posição de economia primária agroexportadora para o patamar de economia industrializadora de alimentos.

Todos os fatores estratégicos relevantes favorecem Mato Grosso para essa transição. As condições edafoclimáticas (solo, clima, água, baixa ocorrência de intempéries naturais ) aliadas ao fato de nossa produção ( alimentos) ter apelo tanto no mercado doméstico quanto no internacional são vantagens competitivas que contribuirão de forma expressiva para a nova onda de desenvolvimento que se descortina para o estado. A estabilidade macroeconômica do país, solidez de nossas instituições, crescimento da renda do trabalho e aumento dos investimentos produtivos em nosso estado são vetores que consolidam o cenário de crescimento com sustentabilidade e alteração qualitativa do patamar da economia de Mato Grosso.

As tendências econômicas no âmbito nacional e internacional indicam que o novo ciclo econômico de Mato Grosso terá como principal turbina propulsora a industrialização de alimentos e não apenas a simples produção de commodities agropecuárias.

Seis das dez maiores empresas do mundo que processam alimentos já possuem plantas industriais em Mato Grosso: JBS-Friboi, BRfoods (Sadia/Perdigão), Cargill, Bungue, ADM e Marfrig. Todas atraídas pelas vantagens competitivas do estado, aliadas a uma saudável política fiscal de atração de investimentos produtivos.

A transição para a industrialização não exigirá o abandono da nossa vocação natural que é a produção agropecuária com muita eficiência e elevada produtividade. Ao contrário, teremos de reforçar tanto o agronegócio como a agricultura familiar que serão os grandes provedores da matéria prima a ser processada aqui mesmo em nosso território.

Essa transição econômica exigirá grande esforço e capacidade de planejamento de toda a sociedade, inclusos governos federal, estadual, municipais, insitituições empresariais e acadêmicas para superação dos dois principais gargalos estratégicos do estado: infraestrutura produtiva para levar nossa produção até os grandes centros de consumo e educação para melhorar a formação de nosso capital humano.

O novo ciclo de desenvolvimento econômico de Mato Grosso – economia industrial processadora de alimentos - pode se consolidar como o mais longevo e sustentado de todos os ciclos anteriores que contribuiram para conduzir o estado de Mato Grosso ao respeitável estágio atual no cenário econômico nacional e mundial.

Vivaldo Lopes é economista, consultor econômico licenciado da FGV e Secretário-Adjunto da Casa Civil de Mato Grosso



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