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Quinta - 12 de Agosto de 2010 às 14:46
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br
Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br

Escrevi nesta coluna que seria melhor para a oposição que a Dilma Rousseff ganhasse a eleição. Ela que fizesse os complicados ajustes nas contas do governo. Se fosse alguém da oposição, seria acusado de impedir o crescimento e o governo Lula seria colocado nas nuvens. Se a Dilma ganha, ao tentar fazer os ajustes, o governo anterior seria exposto perante a opinião pública.

Citei alguns números naquele artigo, outros estão aparecendo. Pego três matérias da imprensa nacional dos últimos dias.

O jornal "O Estado de São Paulo" mostrou que o governo Lula recebeu do anterior um saldo a pagar de 22,6 bilhões de reais. Vai deixar 90 bilhões a pagar para quem for à presidência.

Maílson da Nóbrega na revista Veja mostra que a situação fiscal piorou. O "consumo do governo passou de 4,2% do PIB para 8,8%" e a carga tributária de 32% para 36% do PIB (não há mais espaço para aumento de impostos). Investimento na infra-estrutura teve 0,6% do PIB ou pouco mais de 10% das necessidades. Transporte é o grande gargalo do país.

Não se aproveitou a popularidade do presidente para se fazer reformas como previdência, trabalhista e fiscal. Acredito que o Lula não as fez com receio de perder popularidade. Deixa o problema para quem vier atrás.

A melhor análise da situação das contas do governo é a longa matéria de Gustavo Patu na Folha de S. Paulo. Quem suceder Lula "assumirá sem recursos para patrocinar um novo ciclo de expansão dos programas sociais" ou nas áreas de segurança, previdência, Bolsa Família, saúde e amparo ao trabalhador. Só na previdência, no ano passado, os gastos superaram em 34 bilhões de reais a arrecadação.

Diz que quando o petista chegou ao governo em 2003 "a seguridade social tinha um superávit modesto". O aumento do salário mínimo, da Bolsa Família, gastos crescentes na previdência, isenções fiscais e a perda da CPMF jogaram a situação fiscal da seguridade social para algo complicadíssimo.

Diz ainda que os países da OCDE investem em saúde, em média, 6,4% do PIB. O Brasil chegou a 3,6%. Desse total o governo federal só investiu 1,76%, o resto é de prefeituras e governos estaduais.

Frente aos números nacionais é melhor a Dilma Rousseff ganhar. Se for alguém da oposição, ao pisar no breque da economia, será sacrificado. Se for a Dilma, vão apontar o dedo para o governo que a antecedeu como a fonte de problemas nas contas públicas. Atrapalharia a biografia do Lula.

O que chama a atenção é que, na campanha, a oposição não fala nada disso. Fica com um discurso chocho, como foi o do Geraldo Alckmin em 2006.

Em Mato Grosso, os candidatos ao governo, para minorar a situação na saúde e na segurança, falam que irão buscar recursos em Brasília. Os números mostram que não vão conseguir nada.

E, além disso, segundo o ex-governador Maggi, sobram somente 3% do orçamento estadual para investimento em todas as áreas. Onde os candidatos vão arrumar dinheiro para investir no patamar que estão falando?

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br; site: www.alfredomenezes.com



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