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Terça - 10 de Agosto de 2010 às 15:47
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Alfredo da Mota Menezes
Alfredo da Mota Menezes

Quase apanha quem diz que vota em partidos ou ideias defendidas por eles. A grande maioria defende que se tem que votar em pessoas, não em partidos. É um erro, o correto seria votar numa ideia que um grupo ou partido defende. Não votar em partidos e sim em pessoas parece o caso da jabuticaba, só tem no Brasil.

Na Colômbia vota-se em dois partidos dominantes por décadas, Liberal e Conservador. No Uruguai, os partidos maiores vêm desde a época da Guerra do Paraguai. No Chile vota-se na ideia conservadora ou na mais à esquerda.

Os exemplos mais conhecidos são os dos EUA e da Inglaterra. Os norte-americanos votam nos Democratas, que ajudam os mais pobres, ou nos Republicanos, com tendência mais conservadora e individualista.

Na Inglaterra se vota nos Trabalhistas, com a mesma ideia dos Democratas dos EUA, ou no Conservador, que seria o Republicano de lá. As pessoas se intitulam de um ou outro partido, aceitam o que um ou o outro defende. No Brasil e em MT isso parece heresia.

Havia antes no país quase a mesma coisa que há em quase todos os países. Votava-se na UDN, PSD ou PTB. Por que a mudança? Há uma história por trás disso.

EM 1966, depois que o regime militar foi derrotado em eleições para governador em estados importantes, resolveram acabar com os antigos partidos e criaram a Arena e o MDB. Mesmo assim, ao longo dos anos, o MDB foi crescendo.

Os militares resolveram acabar com os dois partidos criados por eles mesmos e aparece o PDS no lugar da Arena. Exigiam, para matar o símbolo em que se transformara o MDB, que se tivesse um P diante do novo partido de oposição. Botaram um P na frente do MDB.

O regime militar permitiu ainda que se criassem quantos partidos se quisesse. A intenção era que o PDS ficasse do tamanho que era e o PMDB se esfacelaria em tantos outros partidos. A busca era enfraquecer a oposição ao regime.

Foi a pior herança que o regime militar deixou ao país. Dali para frente se permitiu criar tantos partidos quantos se queria. Se não estou equivocado existem 29 partidos com registros no TSE e mais 14 aguardam na fila para se tornarem outro.

Como é que um país pode funcionar com tantos partidos? Na confusão criada, a maioria dos eleitores aceita votar em pessoas, não nos partidos e no que defendem. É um tremendo mal para o país.

Frente à balburdia partidária criam-se outras distorções, como aquela em que a pessoa é maior que seu partido. Se fossem somente uns três partidos, deixavam essas "lideranças" se engalfinharem dentro deles. No pari-gato interno, quem perdesse não poderia, como agora, ir para outro partido. E se fosse seria considerado traidor pelo eleitor, como no tempo da UDN e PSD. Não seria melhor?

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br; site: www.alfredomenezes.com



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