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Terça - 08 de Junho de 2010 às 15:37
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Quais os motivos por trás dessa enxurrada de fatos delituosos no Estado? Esse lamaçal tem raiz em quê? Ou essa sequência de casos desabonadores não passou de uma coincidência? Sei lá, avento alguns motivos. O leitor terá outros.

Mas antes de "filosofar" sobre o assunto, apenas para refrescar a memória. Começou com a Operação Pacenas em agosto de 2009. Depois veio a primeira crise do Judiciário, com dez magistrados aposentados compulsoriamente. Ligado a isso, fato talvez inédito no país, uma loja maçônica também esteve envolvida.

Apareceu o caso da Funasa com ligação com as Oscips e partido político. Daqui a pouco explode o superfaturamento das máquinas e também que itens dos maquinários haviam sido trocados. Veio a segunda crise do Judiciário com a venda de sentenças. O Tribunal Regional Eleitoral também se viu envolvido com o mesmo tipo de acusação. E, por fim, a operação Jurupari ou falcatruas na concessão de manejo florestal.

De agosto de 2009 até agora, ou menos de 10 meses, se teve esse tanto de coisas anômalas em MT. Não se conhece um caso idêntico no Brasil inteiro. Não é interessante especular sobre as razões disso? É o que vou tentar.

1. Crescimento econômico acelerado do estado nos últimos anos. Todo mundo quer tirar sua parte. Não sei se o paralelo cabe, mas aconteceu antes em Chicago e Miami.

2. Poder demais em mãos de poucos. Justiça mais Maçonaria, por exemplo. Ou aquela tradição local de coça minhas costas que coço as suas. Ou, em palavras diferentes, união de interesses entre órgãos e entidades do estado. Cobre-me que te cubro. Aprove meus atos que aprovo os seus e não os denuncio.

3. Ligado a isso, a certeza da impunidade.

4. Ou ainda uma Justiça lenta e leniente.

5. Membros da Justiça Federal mais arrojados que em outros lugares.

6. Mato Grosso estaria longe da mídia investigativa nacional.

7. Mais e sofisticados aparelhos dos órgãos de investigações. Cruzamento de contas e quebra de sigilos pessoais.

8. Tudo que ocorreu foi somente uma coincidência ao aparecer todos os casos quase ao mesmo tempo.

9. Um Brasil novo depois das crises econômicas, políticas e institucionais deu espaço para se descobrir tantas coisas não republicanas.

10. Quase tudo aconteceu em Cuiabá. Será que o aumento repentino da população levou à quebra de algumas tradições antigas? Seria momento de transição do antes para um novo momento? Da grande migração e miscigenação para a nova geração de cuiabanos e mato-grossenses?

Se tenho certeza que são esses os motivos? Claro que não. Mas tenho certeza que o leitor terá outras interpretações. Seria interessante colocá-las para fora para se fazer nos quatro cantos desta cidade e estado uma silenciosa reflexão sobre o que está acontecendo em Mato Grosso

Não adianta reclamar pelo leite derramado, nem ficar resmungando pelo que houve. O melhor é tentar fazer desse limão uma limonada.

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br



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