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Domingo - 12 de Março de 2017 às 19:03

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Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

Em Mato Grosso o termo "fazejamento" é década de 1970. Refere-se àquele momento especial de implantação da Universidade Federal de Mato Grosso. Tinha o sentido da objetividade absoluta. Havia tudo por fazer e ninguém gastava tempo com firulas ideológicas. Ao contrário, a ideologia era absolutamente pragmática: implantar a universidade pra que ela servisse de suporte pra o futuro que chegaria mais hora menos hora. Troque-se ideologia por idealismo.

Lembro-me do professor Benedito Dorileo usando a expressão "fazejamento". Até um livro com esse título contando a epopeia de se implantar uma universidade em Mato Grosso da década de 1970. Conversamos algumas vezes a respeito disso. Conversei também muitas vezes com o reitor Gabriel Novis Neves. Anos mais tarde numa conversa pessoal com o reitor Eduardo Delamônica Freire, já ouvi a expressão "democratite". Era uma onda ideológica que começava a invadir a UFMT. Com outros reitores conversei outras vezes. Já era outra universidade, perdida na escuridão e invadida por ideologias político-partidárias.

O que tem isso a ver com o futuro? Estou lendo na mídia as grandes questões da economia financeira do Estado brasileiro e da maioria dos estados subnacionais. Entre eles Mato Groso. As contas já não fecham e não fecharão mesmo. A gestão pública brasileira foi invadida por oportunismos corporativos, ideológicos e partidários. As gestões tornaram-se pouco a pouco cabides de interesses rigorosamente contrários aos cidadãos que as custeia. Nesta semana que passou o governador Pedro Taques deu entrevistas a respeito dos repasses aos poderes e ao próprio Poder Executivo. Vai precisar cortar duro na carne se quiser sobreviver aos dois próximos anos. Exemplos como os do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, os mais agudos, não faltam.

O futuro do gestores vai precisar de uma cirurgia corretiva, ainda que dependa da reformulação da Constituição Federal e de numa completa revisão do sentido de governar. O Estado pertence ao cidadão. Não pertence às corporações do serviço público, às empreiteiras e afins, aos partidos políticos, aos atrasadíssimos sindicatos politizados e nem a ideologias da esquerda ou da direita.

Voltarei ao assunto, mas o que estamos precisando mesmo é outra época de "fazejamentos" como aquele da década de 1970 que construiu uma universidade no cerrado em pouco tempo fundamentada no idealismo.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.

E-mail: onofreribeiro@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br



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