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Domingo - 19 de Março de 2017 às 23:23

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Alfredo da Mota Menezes
Alfredo da Mota Menezes

Você sabia que tem caixa dois do bem e do mal para campanha eleitoral? Em Brasília, altas personalidades da vida política e jurídica inventaram isso agora. Caixa dois do bem seria aquele que a empresa doaria a uma campanha sem pedir nada em troca. Caixa dois do mal, o doador quer algo em troca. Até o caixa dois do bem é uma piada, ninguém vai tirar dinheiro de um lugar ilícito para uma campanha sem nenhum interesse.

Chama a atenção o tanto de gente do Judiciário dizendo que está espantado com o tamanho do uso do caixa dois em campanhas. Não dá para acreditar que sejam tão inocentes. O Emílio Odebrecht disse que o pai dele fazia, ele também e o filho Marcelo. E os caras da Justiça eleitoral foram descobrir isso agora?

O que mais encabula nessa discussão e descobertas é que se fala em caixa dois com naturalidade e esse expediente de sonegação fiscal é crime. Deveria discutir é como acabar com o caixa dois, não somente em campanha, porque ele é ilegal.

Agora a Justiça está de olho também em crime do caixa um em campanhas eleitorais. Foi o caso de um senador de Rondônia que recebeu propina de uma empreiteira. O dinheiro saiu do caixa um, passou pelo tribunal eleitoral e voltou limpinho para o bolso do senador.

Frente à atual situação, como fazer para financiar a próxima campanha? Não esquecer ainda que o STF decidiu que não se pode ter mais financiamento de campanha por empresa. O mundo politico em Brasília está se movimentado para arrumar meios públicos para financiar eleições. E, para isso, fala-se numa reforma eleitoral até outubro para que entre em vigor na eleição do ano que vem.

Dizem que seria para fortalecer os partidos e simplificar regras eleitorais, mas o que querem mesmo é arrumar um meio de como financiar campanhas. Pretendem criar um fundão para isso, ou seja, dinheiro público, além do fundo partidário que será de 720 milhões de reais para este ano.

Para diminuir custo de campanha voltou a tese da lista fechada ou partidária. Aquela que o eleitor não vota em pessoas, mas numa lista criada por cada partido. Pode até diminuir custo, mas é outra esperteza da classe política.

Sabem que o eleitor não vai votar em muitos que tem mandatos na próxima eleição. Haveria uma renovação de nomes. Com a lista, os deputados federais ou estaduais de cada partido vão ficar no topo dela. Os novatos vão para baixo, somente ajudarão a eleger os de cima da lista.

Os partidos menores não gostam disso. E também porque o financiamento público seria distribuído de acordo com o tamanho da bancada de deputado federal de cada partido. Os grandões ganham outra vez.

Mas se forçarem a barra, os partidos menores podem se rebelar e contaminar a votação da reforma da previdência. Pode ser que a tal reforma seja um traque e também um truque.

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com



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