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Quinta - 27 de Abril de 2017 às 15:02

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A última pesquisa do Instituto Trata Brasil, sobre saneamento e tratamento de esgoto, nas 100 maiores cidades do país, mostrou que Cuiabá, que estava antes na incômoda posição 62, caiu para 67 e Várzea Grande de 86 para 93. VG está entre as dez piores maiores cidades do país em saneamento e trata apenas 27% do esgoto.

A pesquisa fez ainda um comparativo sobre problemas de saúde entre as dez melhores cidades em saneamento do Brasil com as dez piores. As melhores colocadas gastam muito menos com saúde do que as outras em posições piores.

Cuiabá e Várzea Grande tiveram chances de saírem dessa vexaminosa situação sobre saneamento. Não custa nada trazer de volta antigos assuntos.

Em maio de 2001, nos governos Dante e FHC, foi aprovado o programa BID-Pantanal. Eram 200 milhões de dólares ou mais de 600 milhões de reais para MT. Parte seria para saneamento nas cidades que margeiam rios que vão para o Pantanal. Cuiabá e VG seriam as mais beneficiadas.

De forma ainda não explicada, em 2003, nos governos Maggi e Lula, o programa foi interrompido. Não poderia ser por causa dos 12% da contrapartida do estado, pois o governo FHC já havia concordado em pagá-la.

Será que o Maggi concordou com esse inexplicável fato porque era um programa do governo Dante? Foi um enorme erro, na verdade. O governo Lula disse que iria criar outro programa para o Pantanal. Até hoje não veio.

Em 2009 apareceu o PAC-Saneamento para cidades com mais de 200 mil habitantes. Seriam 300 milhões de reais para Cuiabá e 150 milhões para VG. Aconteceu a Operação Pacenas da Justiça Federal que matou o novo programa.

Tem muita gente que alega que aquilo foi mais uma armação contra a administração Wilson Santos por interessados em concorrer para prefeito da capital. É preciso dizer que o Tribunal Regional Federal derrubou toda a Operação Pacenas. Assim mesmo a bancada federal do estado não se mexeu para trazer de volta aquele dinheiro para saneamento nas duas cidades.

Em nova tentativa, em 2012, Cuiabá fez a concessão de água e esgoto para a CAB. Pelo contrato o saneamento deveria estar equacionado dez anos depois ou em 2022. Campo Grande tem concessão também e está na posição 32 do Brasil, Cuiabá caiu para a 67.

Cuiabá e Várzea Grande tiveram chances de saírem da posição em que estão em saneamento, mas aquelas perdas não mereceram nenhuma reação das pessoas das duas cidades. Aliás, pesquisa de opinião pública mostrou que saneamento não está entre as prioridades da população de VG e Cuiabá. A classe política sabe que isso não dá nem tira votos e não está nem aí para o problema.

Mas é uma chaga urbana doída demais. O mundo desenvolvido, quando quer mostrar nosso atraso, publica sempre uma foto de crianças brincando perto de esgotos a céu aberto. Para nós é natural, para eles é mesma coisa do fim do mundo.

Alfredo da Mota Menezes escreve às quintas-feiras em A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com



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