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Sábado - 06 de Maio de 2017 às 16:51

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Alfredo da Mota Menezes é articulista e escreve às quintas-feiras em A Gazeta.
Alfredo da Mota Menezes é articulista e escreve às quintas-feiras em A Gazeta.

Talvez não tenha ocorrido na história da corrupção no mundo um depoimento tão bombástico como o dos diretores da Odebrecht à Justiça. Alguns fatos expostos pelos delatores impressionam.

A empreiteira deu em corrupção em oito anos algo como dez bilhões de reais. Fala-se em Caixa dois como a coisa mais natural do mundo. Caixa dois é sonegação. Usa-se dinheiro sonegado para bancar a política. Teve gentes dos TREs e do TSE espantados com o tamanho do uso do caixa dois nas eleições. Qualquer guri que trabalha em partidos sabia disso. Aliás, o Emilio Odebrecht disse que o pai dele já fazia caixa dois, ele e o filho também. Três gerações e gentes da Justiça eleitoral não sabiam? De onde vem aquela montanha de dinheiro?

A Odebrecht não gostava de doar pelo caixa um porque ia aparecer na prestação de contas das eleições. Teve até caixa um usado para corrupção também. A empreiteira dava ainda dinheiro aos políticos e partidos em anos sem nenhuma eleição. Corrupção pura. O diretor que conseguisse superfaturar obra recebia um bônus sobre o preço roubado.

A empreiteira fazia pesquisa para saber quem tinha chances eleitorais, orientava marqueteiros e também o que o candidato devia falar. Comprava ainda partidos para levar horários gratuitos para candidaturas. Mandava na politica do país.

Compraram sindicatos para acabarem com greves. A esquerda sindical não teve prurido ideológico ou contra o capeta do neoliberalismo. Compraram índios para não impedirem suas obras. Até a pureza da raça primitiva foi corrompida. Corromperam membros dos tribunais de contas, aqueles que deveriam fiscalizar suas obras. Compraram Medidas Provisórias em desfavor da Petrobras e em beneficio da empreiteira, deus do céu. Ministros da Fazenda pediam as propinas para partido.

A esquerda latino-americana foi mantida ou levada ao poder com dinheiro do BNDES. Aceitou-se o capital corrupto para manter o poder. Levam ainda o marqueteiro João Santana para ganhar eleições na América Latina e África.

Viram os nomes ridículos que apelidavam a classe politica? Deboche puro em cima dos sabidos da política. Foram os maiorais da política, de todos os partidos, que foram corrompidos. O baixo clero, por ser baixo mesmo, não era levado em conta pela empreiteira.

Impressiona como a classe politica nega em uníssimo o óbvio. Não teve nenhum que dissesse que errou, contasse a verdade sobre o caixa dois e ainda pedisse desculpa à nação. Nos EUA, alguém pego com a boca na botija, vem de público pedir desculpa. A nossa cultura é a de mentir sobre o óbvio.

Entre tantas frases absurdas ditas pelos políticos, destaca-se uma do Lula de que se soubesse que a Odebrecht fosse tão corrupta não teria feito palestras para eles ou a indicado para fazer obras no exterior. Tão absurda que o maior larápio do Brasil, Paulo Maluf, a ironizou.

Você quer ver, escuta como a maior parte do eleitorado brasileiro, como historicamente tem ocorrido, reelegerá a maioria dos envolvidos na corrupção com a Odebrecht.

Alfredo da Mota Menezes é articulista e escreve às quintas-feiras em A Gazeta.



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