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Sábado - 20 de Maio de 2017 às 18:20

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Wilson Carlos Fuah é economista, especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.
Wilson Carlos Fuah é economista, especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.

O Parque Mãe Bonifácia está localizado no Centro da América do Sul, com sua área preservada de 77,16 ha, com trilhas que em seu contorno atingem 3.337 metros, o que dá uma excelente possibilidade a todos que desejam fazer uma boa caminhada, além de dar opção de poder apreciar uma pequena floresta no meio da cidade de Cuiabá, que tem em sua composição: animais da fauna regional, árvores tipicamente do cerrado, águas de nascente do Córrego do Caixão que corta o Parque ao meio.

Como cuiabano, e sempre que escrevo, procuro recordar a nossa história, e fico triste e decepcionado ao ver aquele esgoto passando no meio do Parque, e que era o antigo Córrego do Caixão, que nascia no Bairro do Quilombo, mas, a sua nascente localizava exatamente na Av. Estevão de Mendonça esquina com a Av. Getúlio Vargas e mais abaixo unia com outra nascente da Av. São Sebastião e formava o leito do Córrego do Caixão.

Naquela localidade próxima as nascentes do Córrego do Caixão, moravam cuiabanos tradicionais, como: Cabo Barros que tinha um Bar no final da Rua 24 outubro; "Seo" Zeca tinha o seu bolixo com muitas variedades; "Seo" Orivaldo Nunes com a sua Serraria; Edgar Vieira que morava em frente onde hoje é o Shoppão, depois virou o prédio onde funcionou o Dermat e foi ele quem loteou a sua fazenda, e que essa área é onde fica hoje o Bairro Boa Esperança, e não podemos esquecer que próximo ao Córrego do Caixão, também morava o primeiro caminhoneiro de Lixo de Cuiabá, não há registro do seu nome.

O nome originário vem de uma história contada pelos que vivam naquela localidade, que numa tarde de março, época de muita chuva, as pessoas seguiam com um caixão com um defunto, e na baixada da Av. Estevão de Mendonça tinha um córrego e para atravessá-lo, havia uma pinguela de madeira e como a chuva descia uma grande enxurrada, e as pessoas que levavam o caixão, escorregaram e caíram com o caixão e este seguiu com o defunto descendo pela mata onde é hoje o Parque Mãe Bonifácia, por isso ficou como o nome de Córrego do Caixão.

Porém hoje o Córrego do Caixão, como todos os 28 córregos de Cuiabá, viraram canal de esgoto da cidade, e o Parque Mãe Bonifácia que poderia ser um cartão de visita da cidade, infelizmente para aqueles que fazem suas caminhas tem como castigo, respirar a "podriqueira" e sentir chocadas ao ver as espumas de poluição deslizar pelo Parque e contaminar os animais que saciam suas sedes com aquela água poluída.

Ao andar pelas matas do Parque Mãe Bonifácia e ao passar sobre o Córrego do Caixão, sentimos a presença do descaso e o fedor toma conta daquele território sagrado e que será usado por gerações de cuiabanos e por isso deve ser preservado. Os animais sabem o que devem fazer e agem mais ou menos de acordo com os hábitos da espécie em busca da sua sobrevivência e por outro lado, os seres humanos têm por base o seu saber em estudos, que muitas vezes não são aplicados e destrói o que deveria ser preservado, para o bem da coletividade e com a preservação das espécies, temos como recompensa: ouvir o som da mata e a explosão de beleza visual que se renova todas as manhãs.

Dizem também, que na época da implantação do projeto do Parque,o MPE embargou a construção, e até hoje podemos encontrar no meio do Parque, perdido na mata, os materiais da construção e por décadas estão se desgastando pelas intempéries, são 80 tubos de PVC rígidos, com diâmetro de 1,50 cm, se perdendo no tempo e transformado em desperdício de dinheiro público.

Havia um projeto para construção de um Lago com Pedalinhos, utilizando as águas do Córrego do Caixão que seriam tratadas e represadas, mas inexplicavelmente as "autoridades competentes" nada fazem para construir uma Estação de Tratamento de Esgoto, evitando que essas águas poluídas e com odor insuportável passe por dentro do Parque Mãe Bonifácia.

Wilson Carlos Fuah é economista, especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.E-mail: wilsonfua@gmail.com



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