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Sábado - 27 de Maio de 2017 às 15:15

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Juacy da Silva é professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia.
Juacy da Silva é professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia.

Nunca as frases de Bezerra da Silva e de Rui Barbosa foram tão atuais. A corrupção está entranhada na vida e na história política, social, cultural e econômica de nosso país, vem desde o período colonial, passou pelos dois impérios, ou seja, antes e depois da proclamação de nossa independência e da proclamação da República, continuou na República Velha , esteve presente durante o Estado Novo da ditadura de Vargas, durante a redemocratização após a segunda Guerra Mundial, fortaleceu-se no período populista antes do regime militar, esteve presente durante os governos dos generais, continuou a florescer sobre os governos civis , escancarou de vez durante a era do tucanato e praticamente institucionalizou-se na era petista e está mais viva do que nunca no governo Temer, do PMDB/PSDB/DEM e outros partidos que fazem parte da famosa "base".

Enfim, o povo brasileiro assiste quase passivamente a uma deterioração institucional e moral do país , onde os privilégios dos governantes e os assaltos aos cofres públicos pelas quadrilhas instaladas no poder a serviço dos interesses dos grandes grupos econômicas praticamente estão destruindo não apenas a confiança e a esperança do povo, mas inviabilizando a dinâmica do Estado "democrático de direito", praticamente falido pela rapinagem de bandidos de colarinho branco.

Bezerra da Silva, em sua música diz " Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão", esta frase é extremamente verdadeira e atualíssima no momento em que mais de um terço dos senadores, Casa onde estão guardados discursos inflamados de Rui Barbosa, contra a corrupção, como a frase proferida durante um pronunciamento no dia 17 de dezembro de 1914, em que dizia " De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto".

Talvez esta frase devesse ser impressa em letras garrafais e colocada no lugar dos retratos de governantes e em todas as salas, escritórios, gabinetes públicos, nos palácios e nas salas de reuniões e sedes de grandes empresas, como as que participaram do mensalão, da lava jato e principalmente das que estão fazendo delações premiadas para livrarem empresários que corromperam servidores públicos, gestores públicos e, principalmente, políticos que roubaram e continuam roubando abertamente.

Os fatos acontecidos nos últimos dias que lançaram muita lama sobre políticos de envergadura nacional, incluindo o Presidente da República, lideranças até pouco tempo "acima de qualquer suspeita", como do Senador Presidente do PSDB, a prisão de diversos ex governados, que só não foram presos antes por gozarem do famigerado "foro privilegiado", uma excrescência jurídica para proteger políticos e gestores corruptos, muito mais gente , incluído empresários que enriqueceram as custas do BNDES e de outros favores do governo, deveriam estar presos e não serem perdoados após realizarem delação premiada e acordos deleniência.

Enquanto a operação lava jato sob a batuta do Juiz Sérgio Moro caminha a passos céleres, as investigações dos políticos suspeitos de corrupção, que gozam de foro privilegiado, incluindo senadores, deputados federais, ministros e agora o próprio presidente da República, caminham a passos de tartaruga.

O cidadão e contribuinte pode perguntar-se quantos dos suspeitos que constam da primeira Lista do Janot, que o STF autorizou que fossem investigados já foram denunciados pelo Ministério Público Federal? E os da segunda Lista do Janto/Fachin, quantos foram denunciados? E os que constam das delações da Odebrecht que gozam de foro privilegiado quantos foram investigados e denunciados? E o que vai acontecer com os mais de 1800 políticos que receberam propina da JBS, incluindo os 166 deputados federais eleitos, 28 senadores e 16 governadores, que também receberam propina desses criminosos de colarinho branco travestidos de empresários serão investigados? O que vai acontecer com os donos da JBS que já estão fora do Brasil e que confessaram vários crimes, vão ser perdoados enquanto outros empresários, como o ex presidente da Odebrecht já está preso e condenado?

O tempo dirá se estamos vivendo em um país sério ou em uma republiqueta de bananas, se tudo virar em pizza e apenas uns gatos pingados forem levados às barras dos tribunais e condenados, com certeza a frase de Rui Barbosa espelha como nunca o país em que vivemos!

Juacy da Silva é professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia. Email: professor.juacy@yahoo.com.br



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